Sábado – Pense por si

Há recibos verdes a viver como sem-abrigo

Alexandre R. Malhado , Bruno Colaço (fotos) 10 de abril de 2020 às 08:19

Não adoeceram mas estão a viver os efeitos económicos da quarentena. Ficaram sem trabalho, teto e normalidade. O retrato da classe média que tem recorrido à caridade.

A vida de Óscar, 40 anos, e Andreia, 30, mudou de um dia para o outro. Enquanto trabalhadores independentes na área do artesanato, ganhavam o suficiente para pagar a renda de mais de 600 euros, a creche do filho de um ano, alimentação e alguns pequenos prazeres. Com o estado de emergência, a cidade ficou deserta, sem turismo, e o casal sem negócio e (quase) sem tecto. "O senhorio quis despejar-nos mas falámos com calma e pedimos tempo para isto se resolver", explicou Andreia em plena Praça Paiva Couceiro, em Lisboa, segurando numa mão o carrinho de bebé e noutra a refeição dada pelo Exército, que tem distribuído comida confecionada pela autarquia e Santa Casa da Misericórdia. Decidiram recorrer à ação social dos militares porque "têm poupado onde podem": "Fomos ao banco buscar o que tínhamos na conta-poupança. O pouco que temos é para o miúdo. É a primeira vez que comemos do que nos dão na rua, mas tem de ser. Não sabemos o que vai ser de nós no próximo mês."

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