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200 pessoas na rua exigem que o padre de Caminha não se vá embora

11 de agosto de 2019 às 14:15
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O padre foi saudado com aplausos, cartazes, onde se lia "Fica", a mesma palavra gritada, repetidamente, pelos populares que participaram na ação.

Cerca de 200 pessoas participaram hoje numa concentração de apoio à permanência do pároco de Seixas, Lanhelas e Vilar de Mouros, em Caminha, a quem a diocese de Viana do Castelo terá comunicado a mudança, em setembro, para Valença.

A iniciativa começou junto à igreja paroquial de Vilar de Mouros, passou por Lanhelas, e terminou em Seixas, onde o sacerdote celebrou missa perante uma igreja "cheia" de fiéis.

A iniciativa de apoio à permanência do padre de 36 anos (na imagem, ao centro) partiu de um grupo de jovens da freguesia de Seixas, uma das mais populosas do concelho de Caminha.

Segundo um dos elementos daquele grupo, à chegada ao templo de Seixas, o padre foi saudado com aplausos, cartazes, onde se lia "Fica", a mesma palavra gritada, repetidamente, pelos populares que participaram na ação.

Na sexta-feira, os jovens lançaram uma petição online para enviar ao bispo da diocese de Viana do Castelo, já assinada por cerca de 772 pessoas, e criaram uma página nas redes sociais, intitulada "Fica Padre Ricardo Esteves", onde apelam à mobilização dos paroquianos em torno da permanência do pároco.

As freguesias de Seixas, Lanhelas e Vilar de Mouros têm cerca de 3.246 habitantes.

"O padre Ricardo Esteves está perfeitamente integrado nas paróquias e durante os últimos dez anos em que esteve à frente das mesmas conseguiu agregar e chamar muitos cristãos que, embora o sendo, estavam afastados da igreja. Não nos conformamos com esta decisão e lutaremos até ao fim para que a mesma seja revogada", lê-se na petição que será enviada ao bispo Anacleto Oliveira.

Contactada pela agência Lusa, fonte do secretariado diocesano de Viana do Castelo informou que o bispo Anacleto Oliveira "não faz qualquer comentário sobre o assunto".

A Lusa tentou ouvir o padre Ricardo Esteves, mas sem sucesso.

As nomeações sacerdotais são habitualmente realizadas antes do início do novo ano pastoral, em setembro.

No texto que acompanha a recolha de assinaturas pela permanência do padre Ricardo Esteves, os paroquianos dizem "não se conformarem" com a sua substituição e apelam ao bispo "que repense e volte atrás na decisão de o transferir para outra paróquia".

"Queremos que ele permaneça à frente das obras sociais e projetos que tem vindo a desenvolver junto da comunidade, e que são muitos, sendo os mesmos transversais a todas as idades, com especial destaque para os jovens", reforça o documento.

Alertam o bispo da Diocese de Viana do Castelo para os efeitos da saída do padre: "Com a sua decisão de o retirar para outra paróquia corremos o risco de vermos afastados muitos fiéis, principalmente jovens que veem no padre Ricardo um exemplo de bondade e solidariedade para com os outros".

"Queremos que continue a traçar connosco este caminho de fé que ao longo de 10 anos construímos juntos", reforça o texto da petição.

Na página criada no Facebook, os paroquianos apelvaam a uma "grande" participação na concentração que tem início marcado para as 09:00 junto à igreja paroquial de Vilar de Mouros.

Os participantes chegarão cerca das 10:00 à freguesia de Lanhelas, sendo que a ação terminará em Seixas pelas 11:00, com "uma concentração com todas as freguesias no Largo de São Bento".

"Está na hora de todos nos unirmos e mostrarmos que juntos podemos e somos fortes. Não se esqueçam que a união faz a força. Vamos todos gritar bem alto para que o Senhor bispo ouça, em Viana do Castelo, que o padre Ricardo fica porque é essa a nossa vontade", sublinha o apelo do grupo de jovens de Seixas.

Além das três freguesias de Caminha, em Viana do Castelo, a população de Santa Leocádia de Geraz do Lima, "opõe-se completamente" à nomeação do novo pároco indicado há três meses pela diocese.

Na terça-feira, no final de uma reunião que juntou, "cerca de 400 habitantes", o porta-voz dos paroquianos, Agostinho Lima disse à Lusa ter sido aprovada "uma carta aberta a enviar a todos os órgãos eclesiásticos quer em Portugal, quer em Roma".

"No documento, a população opõe-se completamente à nomeação do padre Adão Lima. Se a diocese [de Viana do Castelo] insistir e indicar uma data para a tomada de posse do novo padre, a população não irá comparecer, nem quer ser informada dessa tomada de posse", afirmou Agostinho Lima.

O porta-voz declarou que "se a diocese não recuar, a freguesia prefere continuar sem padre".

O impasse na paróquia de Santa Leocádia de Geraz do Lima, com cerca de dois mil habitantes e 1.150 eleitores, situada a cerca de 20 quilómetros da cidade de Viana do Castelo, arrasta-se há três meses na sequência da morte do pároco anterior, João Cunha, e da nomeação, pela diocese, do sucessor, padre Adão Lima.

"Qualquer outro padre será bem recebido, menos o que foi nomeado pela diocese", sustentou na ocasião o porta-voz dos paroquianos.

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