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Greve geral. Cotrim de Figueiredo espera que o Governo "não ceda às primeiras pressões ou ilusões"

Lusa 10 de dezembro de 2025 às 16:05

Candidato presidencial afirmou que se fosse Presidente promulgaria o pacote laboral.

O candidato presidencial João Cotrim de Figueiredo disse esta quarta-feira esperar que o Governo não "ceda às primeiras pressões" sobre o pacote laboral, numa alusão à greve geral convocada para quinta-feira, e afirmou que, se fosse Presidente, o promulgaria.
Cotrim de Figueiredo discursa sobre pacote laboral e greve geral MIGUEL A. LOPES/LUSA
Em declarações aos jornalistas após ter participado num almoço-debate do International Club of Portugal, num hotel em Lisboa, João Cotrim Figueiredo foi questionado se lhe parece que a dimensão da greve geral convocada para esta quinta-feira pode levar o Governo a retirar o pacote laboral. "O Governo saberá, eu não gostaria de ser Presidente da República com um Governo que cedesse às primeiras pressões ou às primeiras ilusões. Portanto, se está convicto de que há necessidade de uma alteração de legislação, deve ir com ela tão longe, até onde achar razoável", afirmou João Cotrim Figueiredo. No entanto, o candidato presidencial, apoiado pela IL, reconheceu que "com certeza" que deve haver recuos e negociações sobre o pacote, mas ressalvou que, "numa negociação, ninguém tem tudo o que quer". Questionado se lhe parece assim que as ideias gerais da proposta do Governo devem ser mantidas, Cotrim de Figueiredo disse que sim, defendendo que "é necessário flexibilizar a legislação laboral". "Acho que é necessário flexibilizar a legislação laboral não, como outros dizem, para flexibilizar os despedimentos, mas para facilitar os recrutamentos, a criação de emprego e o pagamento de melhores salários. E acho que esta legislação dá um passo nesse sentido", referiu, reiterando que, se fosse Presidente da República, promulgaria a proposta do Governo, apesar de ter reservas em algumas matérias. Cotrim de Figueiredo salientou ainda que a adesão à greve geral desta quinta-feira será "uma medida exata" para perceber se os "interesses sindicais têm tanta representatividade quanto eles próprios acham que têm" e se a revisão laboral "tem a adesão social" que o primeiro-ministro acha que tem. "E isso condicionará as próximas negociações, não tenho dúvidas", afirmou. O candidato presidencial referiu contudo que, independentemente da adesão que a greve tiver, haverá "muita disrupção em muitos serviços essenciais", acrescentando que, "para além do direito à greve, que será exercido, há um outro direito que pode ficar prejudicado, que é o direito ao trabalho das pessoas que não aderiram à greve e que serão impossibilitadas de trabalhar". "Para eles, ninguém tem tido uma palavra e dou-a aqui, de solidariedade para as pessoas que vão receber menos, vão ter menos oportunidades de obter rendimento sem terem decidido fazê-lo", frisou, defendendo que é necessário garantir que há serviços mínimos em setores como os transportes, lares de idosos ou creches. Nestas declarações aos jornalistas, o candidato presidencial foi ainda questionado sobre o facto de o primeiro-ministro, Luís Montenegro, ter hoje reiterado que tem a ambição de Portugal alcançar um salário mínimo de 1.600 euros e médio de 3.000, apesar de não calendarizar a meta. Cotrim de Figueiredo disse não saber o que "se passou pela cabeça do primeiro-ministro" e disse ser "da escola que acha que os salários não se decretam, pagam-se". "Eu nunca parto do princípio que as pessoas são menos esclarecidas ou informadas do que eu. Portanto, se o primeiro-ministro disse isso, se calhar pensava uma coisa que eu não sei. Eu não estou a ver o quê. Vamos deixar isso assim para não chamar demagogo a ninguém", referiu.
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