Secções
Entrar

Eleições antecipadas ou Governo PS? Marcelo decide hoje

Leonor Riso 09 de novembro de 2023 às 07:00

O único a pedir formação de governo sem novas eleições foi mesmo o PS. À esquerda e à direita, houve consenso sobre o ato eleitoral, entre janeiro e março.

Findas as audições dos partidos com assento parlamentar por Marcelo Rebelo de Sousa, uma coisa é certa: a maioria prefere novas eleições, apesar de o PS se ter apresentado ao Presidente da República como pronto para liderar um novo governo sem nova chamada às urnas. A intenção foi transmitida por Carlos César nas audições desta quarta-feira, 8, mas já tinha sido comunicada por António Costa. De acordo com o jornalExpresso, o primeiro-ministro demissionário deu quatro nomes de possíveis líderes de governo a Marcelo para evitar eleições: Mário Centeno, António Vitorino, Santos Silva e Carlos César. Este último veio retirar-se do "lote", nas suas palavras aos jornalistas, depois de falar com Marcelo.

Miguel Baltazar

Carlos César sustentou que novas eleições poderiam não ser garante de estabilidade. Contudo, os restantes partidos indicaram a possibilidade mais forte de eleições antecipadas e mesmo o presidente do PS acabou por avançar o mês de março como a data preferencial, para que os socialistas possam escolher um novo líder. Afinal, Costa garantiu que não se iria recandidatar.

O líder do PSD, Luís Montenegro, foi ouvido antes de César e também deu "meados de fevereiro ou início de março" como a data das possíveis próximas legislativas. Rui Rocha, da Iniciativa Liberal, preferia mais cedo: no fim de janeiro. Unido a ele - nesta matéria - esteve o PCP. O "calendário é muito semelhante" ao de há dois anos, notou Paulo Raimundo, quando o OE2022 foi chumbado e houve eleições em janeiro desse ano. As eleições poderiam acontecer a 30 de janeiro, considerou, na mesma linha de Rui Tavares, que apontou o final de janeiro ou início de fevereiro.

Quanto a André Ventura, disse haver consenso para eleições entre fevereiro e março de forma a que o PS escolha um líder.

Mariana Mortágua, coordenadora do Bloco de Esquerda, não avançou datas por ser uma decisão do Presidente da República: "O país não pode nem deve viver em crise política e o ideal é que se encontrem soluções o mais rapidamente possível", pediu. O mesmo fez Inês Sousa Real, do PAN, que também concentrou a sua intervenção no OE2024.

Esta quinta-feira, o Presidente da República vai falar ao País depois de ouvir o seu Conselho de Estado, ato que começa às 15 horas.

Apesar de o PS ter colocado a hipótese de um novo governo socialista sem eleições, o Presidente da República convocou os partidos "na sequência do pedido de demissão do primeiro-ministro e, designadamente, também nos termos do disposto na alínea e) do artigo 133.º da Constituição". Esta norma constitucional estabelece que compete ao Presidente da República dissolver a Assembleia da República, ouvidos os partidos nela representados e o Conselho de Estado.

Ainda não foi publicado o decreto presidencial em que Marcelo aceita a renúncia de Costa, um documento a partir do qual o Governo ficaria em gestão e a proposta de lei do OE2024 caducaria. Este procedimento difere do ato de dissolução da Assembleia da República, a partir do qual são marcadas novas eleições. 

ÀSÁBADO, o constitucionalista Carlos Blanco de Morais explicou que caso Marcelo dissolva o Parlamento,deve convocar eleições no espaço de 60 dias, de acordo com a Constituição. Mas o Presidente pode "escolher o momento de dissolução" impedindo que a data recaia em certas épocas: "Ninguém quer eleições no Natal", aponta o constitucionalista. O ato também pode salvaguardar a aprovação do OE2024, ou a escolha de um novo líder do PS com ou mais tempo: tudo está nas mãos de Marcelo. 

Com Lusa 

Artigos Relacionados
Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela