"Atirou-se para cima de mim. Boaventura é machista e violento"
Ativista argentina Moira Ivana Millán conta como o sociólogo português, depois de um jantar, a convidou para ir ao seu gabinete com o pretexto de lhe emprestar uns livros e depois, alegadamente, a atacou.
O caso remonta a 2010, quando Moira Ivana Millán, ativista argentina mapuche, na altura com 40 anos, foi convidada por Boaventura Sousa Santos para ir a Coimbra dar uma aula de pós-graduação. Num vídeo gravado há alguns anos numa conferência pública, e agora recuperado pelo canal de YouTube Universa, a ativista diz que Boaventura Sousa Santos acabou por a convidar para um jantar a dois.
"Era um lugar onde estávamos sozinhos. Ele começou a beber e ofereceu-se para ir ao seu departamento buscar uns livros, que me ia emprestar. Quando fui ao departamento, esse senhor atirou-se para cima de mim."
Moira Ivana Millán diz que apesar da fama e prestígio de Boaventura Sousa Santos nos meios académicos sul-americanos, a ela só lhe recorda o sucedido. "É um académico machista e violento." Acrescentou que não tem medo do sociólogo português e de contar "a verdade". "Ele sabe e não me engana."
A argentina acrescenta que manteve o episódio em silêncio pela sua condição, que considerava frágil, de "mulher mapuche ativista; não era uma académica". Moira Ivana Millán diz que sentiu "o racismo e o patriarcado à flor da pele" e que foi aconselhada a ficar calada por um compatriota em Lisboa: "Ele [Boaventura Sousa Santos] é a esquerda em Portugal e na Argentina ninguém vai acreditar me ti porque ele é como um guru do pensamento de esquerda". A ativista diz que aceitou o conselho, mas que sempre que surgisse a oportunidade falaria.
"Devo contar a verdade e dizer quem é quem neste tipo de situações. Em que eles constroem, a partir da sua egolatria, processos de prepotência, de desprezo, extrativismo, de maus tratos e violência, e saem impunes."
Boaventura não respondeu ainda àSÁBADOsobre este testemunho de Moira Ivana Millán.
Este caso junta-se ao dastrês investigadoras (uma portuguesa, uma belga e uma americana) que escreveram um capítulo de um livro onde acusam Boaventura Sousa Santos, alguns dos seus colaboradores e o CES de um sistema implantado de assédio sexual, moral e laboral na insitutição. O sociólogo comunicouontemque ia apresentar queixa-crime por difamação. No mesmo capítulo do livro é referido o caso de uma estudante que diz que o, na altura, diretor do CES lhe propôs "aprofundarem" a relação em troca de apoio académico. Esta mulherfalou ontem ao Público.
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