As reações dos partidos ao discurso de 5 de Outubro de Marcelo
O Presidente da República pediu hoje que se faça do 5 de Outubro uma data viva, com um Portugal mais inclusivo e que entre a tempo no "novo ciclo da criação de riqueza", aproveitando os fundos europeus.
O secretário-geral adjunto do PS saudou hoje o discurso do Presidente da República em que pediu que se faça do 5 de Outubro de 1910, dia da Implantação da República, uma "data viva" com um Portugal mais inclusivo.
"Somos, como o senhor Presidente da República [Marcelo Rebelo de Sousa], a favor de uma República viva, o que significa também, no nosso entendimento, que é uma mensagem que co-responsabiliza a cidadania e que reafirma os valores da liberdade, da igualdade e da fraternidade", declarou José Luís Carneiro, que falava na Federação do Partido Socialista da cidade do Porto em reação discurso do chefe de Estado.
O Presidente da República pediu hoje, no seu discurso durante a cerimónia comemorativa do 111.º aniversário da Implantação da República, no Salão Nobre dos Paços do Concelho, em Lisboa, que se faça do 05 de Outubro uma data viva, com um Portugal mais inclusivo e que entre a tempo no "novo ciclo da criação de riqueza", aproveitando os fundos europeus.
José Luís Carneiro fez questão de sublinhar que o PS saudava a intervenção de Marcelo Rebelo de Sousa.
"Uma intervenção, um discurso que queremos saudar, porque ela é uma intervenção de confiança e simultaneamente uma intervenção de responsabilidade", disse, referindo que tal impunha uma "visão do desenvolvimento assente no conhecimento em que cada cidadão, e cada cidadã, possam participar na construção do devir coletivo, procurando uma sociedade que seja mais desenvolvida, que seja mais competitiva, e que seja simultaneamente mais inclusiva".
IL considera discurso de Marcelo "correto" mas "insuficiente"
A Iniciativa Liberal (IL) considerou hoje o discurso do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, nas comemorações do 5 de Outubro, "correto" mas "francamente insuficiente", defendendo que não se pode "ficar apenas pelo diagnóstico inconsequente".
Em comunicado, a IL começa por afirmar que o discurso das comemorações do 5 de Outubro do Presidente da República "representa um diagnóstico globalmente correto da atual situação do país", na medida em que "é urgente, de facto, abrir um novo ciclo económico" e promover a criação de riqueza.
O partido também concorda com a necessidade de "alertas" sobre a necessidade de "transparência e a correta alocação de recursos" dos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
Porém, a IL considera que "o discurso do senhor Presidente da República é francamente insuficiente".
"Não podemos ficar apenas pelo diagnóstico inconsequente. É fundamental abrir caminhos de ação política", sublinha o partido de João Cotrim Figueiredo.
Segundo a IL, "não é possível" continuar a imputar "o atraso do país apenas a razões históricas mais ou menos longínquas".
"Mais uma vez, o político pragmático, preocupado com a sua popularidade, impôs a sua vontade sobre a do analista que identifica os problemas com lucidez", critica o partido.
"O país precisa de uma mudança urgente de políticas. De abrir o tal novo ciclo que o senhor Presidente da República identifica, mas não concretiza e para o qual acaba por não estabelecer qualquer meta ou compromisso para o Governo", frisa a IL.
Para o partido de Cotrim Figueiredo, "só políticas liberais que invertam a dependência da sociedade civil do Estado, que valorizem a iniciativa privada e o dinamismo económico, que devolvam aos cidadãos liberdade de escolha e autonomia, serão capazes de assegurar um novo ciclo de crescimento".
Discurso de Marcelo "quebrou a ilusão do país das maravilhas de António Costa", diz CDS
O presidente do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, disse hoje que o discurso do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, nas comemorações do 5 de outubro, "quebrou a ilusão do país das maravilhas de António Costa".
"O senhor Presidente da República, no discurso que proferiu pela ocasião do 05 de outubro, quebrou a ilusão do país das maravilhas de António Costa, mostrou-se pessimista quanto à capacidade política deste Governo e apelou à urgência de uma mudança de ciclo", afirmou o líder do CDS-PP em conferência de imprensa.
Segundo Rodrigues dos Santos, Marcelo realçou "pontos críticos que o CDS há muito tempo vem chamando a atenção", nomeadamente a ocasião do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) "poder configurar-se uma oportunidade perdida na recuperação económica" do país.
"O PRR não pode ser monopólio do PS nem do Governo, não pode apenas estar exclusivo à fruição do próprio Estado e deve virar-se para a economia real, as empresas e as famílias", defendeu o presidente do partido.
O presidente do CDS-PP salientou ainda "a preocupação" do Presidente da República "com a pobreza e as desigualdades", defendendo que estas "não se combatem apenas com Estado".
"É necessário que haja criação de riqueza para que ela possa ser distribuída e para isso é preciso investimento e uma aposta significativa nos ventiladores da nossa economia, que são os nossos empresários", sustentou.
Para isso, continuou o líder do CDS-PP, "é fundamental que em Portugal haja um clima que diga fundamentalmente o seguinte: trabalhar tem de ser suficiente para as famílias fugirem da situação de pobreza".
Chega: Feriado "faz cada vez menos sentido" se não se combater corrupção
O Chega defendeu hoje que o feriado do 5 de Outubro "faz cada vez menos sentido" se o Governo não traçar metas para combater "a corrupção, o compadrio e o tráfico de influências políticas nas instituições públicas".
"Neste dia 5 de outubro, o Chega preocupa-se, particularmente, com a qualidade da democracia portuguesa -- que tem vindo constantemente a descer nos 'rankings' internacionais -- e exige ao Governo que trace metas para combater a corrupção, o compadrio e o tráfico de influências políticas nas instituições públicas", afirma o Chega em comunicado, acrescentando que, "se assim não for, este feriado faz cada vez menos sentido".
Para o partido de André Ventura, "seria importante, para além de cerimónias simbólicas e despedidas na Câmara Municipal de Lisboa, definir hoje a luta contra o compadrio e as clientelas públicas como um dos grandes objetivos do poder político".
"Neste 5 de outubro, reorganizar e reconstruir o Estado deve ser a grande prioridade dos políticos portugueses, sob pena de ser alargado o fosso que separa eleitos e eleitores, poderes públicos e cidadãos", defende ainda o Chega.
PSD queria que PR fosse um pouco mais além
O vice-presidente do PSD André Coelho Lima congratulou-se hoje pelo tom do discurso do Presidente da República na cerimónia do 5 de Outubro, mas gostaria que fosse mais além, pressionando o Governo para a realização das reformas.
"Teríamos gostado de o ver, usando o seu próprio repto, para que o 5 de Outubro fosse comemorado como uma data viva, pressionar o Governo para a realização das reformas de que o país precisa", disse o vice-presidente social-democrata, que falava aos jornalistas na sede do seu partido, no Porto.
André Coelho Lima crê, contudo, que isso será "provavelmente" o que se seguirá "nos próximos dias".
Noutro ponto do seu comentário ao discurso presidencial, o vice-presidente social-democrata afirmou: "Concordamos com a mensagem do senhor Presidente da República quando diz que o desenvolvimento económico é a forma única de criar riqueza e desenvolvimento do país (...) Mas, este amparo deve ser feito pela via do desenvolvimento económico e não pela via assistencialista".
O enfoque do Presidente na persistência de grandes bolsas de pobreza em Portugal mereceu também o comentário social-democrata.
É "particularmente chocante" o número citado pelo Presidente da República de dois milhões de pobres, "um falhanço nacional para todos nós ao longo de décadas", disse o vice-presidente do PSD, considerado que da sua mensagem ficou a ideia de passar com celeridade já das palavras aos atos no combate a essa situação.
A questão do PRR serviu para o dirigente social-democrata sublinhar, a reboque do discurso presidencial e da questão da ética republicana, que a chamada 'bazuca' "é um instrumento que tem de ser tratado com seriedade".
André Coelho Lima destacou ainda a atitude do presidente em funções da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, ao convidar o presidente eleito Carlos Moedas para a cerimónia.
"E uma boa forma de marcar a importância do 5 de Outubro", disse.
Edições do Dia
Boas leituras!