Apagão em Portugal: A cronologia de uma reação pública do Governo em câmara lenta
O primeiro-ministro falou pela primeira vez mais de quatro horas depois do apagão e ministros difundiram informação falsa. Sociedade Civil reagiu com maior celeridade.
Umapagão afetou Portugal e Espanhana segunda-feira. Pelas 11h33 a eletricidade caiu em toda a Península Ibérica. Os três ministros a reagir primeiro deram informações contraditórias (e até falsas) e o primeiro-ministro só falou mais de quatro horas depois do apagão e fez acomunicação oficial ao País às 21h22.
O primeiro governante a reagir foi o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, por volta das 12h35, mais de uma hora depois do apagão. O ministro informou que o Executivo tinha criado um grupo de trabalho para acompanhar a situação e afirmou que o problema tinha tido origem fora de Portugal. O ministro disse ainda que o Governo estava a trabalhar, em conjunto com agentes públicos e privados, para "o mais rapidamente possível" retomar a situação de normalidade no fornecimento de energia, embora sem apontar prazo.
Depois foi depois a vez do ministro Adjunto e da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, afirmar que o apagão energético podia ter sido devido a um ciberataque, adiantando que estava também a afetar Espanha, França e Alemanha (o que não se confirmou). "Há essa possibilidade, de facto", referiu o ministro sobre a causa do apagão, salientando que tinha ainda pouca informação e a que dispunha não era confirmada.
Cerca de dez minutos depois surgiu a informação de que o Conselho de Ministros se iria reunir de emergência na residência oficial do primeiro-ministro, em São Bento, e que a reunião seria presidida por Luís Montenegro.
Pelas 13h20 o ministro Defesa Nacional, Nuno Melo, apelou para que as pessoas mantivessem a tranquilidade e adiantou que ainda não eram conhecidas as causas da falha de eletricidade.
Vinte e cinco minutos depois o Ministério da Saúde informou que "todas as unidades de saúde têm geradores e sistemas redundantes", mas que vários hospitais se iam cingir à atividade urgente e emergente, cancelando a atividade programada para poupar energia e gerir a capacidade de gestão dos geradores. Antes da comunicação do Ministério, vários hospitais informaram os jornais que já estavam a proceder dessa maneira.
Pelas 14h é publicada uma nota no site da Presidência da República em que Marcelo Rebelo de Sousa assegurava estar "a acompanhar a situação em contacto permanente com o Governo".
Pelas 14h30 BE, PS, PAN e Chega apelavam ao Governo que desse respostas aos portugueses. Quase uma hora depois Montenegro falou pela primeira vez aos jornalistas e ao País. "A nossa expectativa é que ainda hoje [segunda-feira] toda a situação seja restabelecida", informou o primeiro-ministro, esclarecendo ainda que a origem da falha não teria sido em Portugal.
Às 21h22 fez a sua comunicação oficial ao País, onde deixou claro que o Governo estava a responder a uma situação de crise e assim passou toda a tarde para garantir que os serviços prioritários se mantinham em funcionamento. Indicou ainda que estava a fazer tudo para que esta terça-feira voltasse a ter "toda a normalidade".
As entidades
A Polícia Judiciária (PJ) começou por informar que não tinha qualquer informação que o apagão de eletricidade tenha tido origem num ciberataque russo (informação falsa veiculada nas redes sociais e por alguns órgãos de comunicação social, bem como por responsáveis políticos).
Pouco antes das 13h, a PSP informou que iria colocar mais agentes na rua para ajudar a controlar o trânsito devido à falha nos semáforos e resgatar pessoas em vários pontos do País (incluindo em elevadores ou os passageiros que ficaram retidos no Metropolitano de Lisboa). Numa publicação nas redes sociais a PSP apelava à tranquilidade e a uma atenção redobrada nas estradas.
Por volta da mesma hora o INEM informou que tinha ativado o seu plano de contingência e que tinha "os seus sistemas, telefónico e informático, a funcionar com recurso a geradores que foram automaticamente accionados".
A Autoridade Nacional de Proteção Civil demorou mais a reagir. Foi por volta das 13h30 que falou pela primeira vez, informando que o Centro de Coordenação Operacional Nacional, que integra as entidades no âmbito das operações de proteção e socorro, ia reunir-se para a acompanhar a situação e adotar os procedimentos necessários. Não houve envio de SMS para a população ou comunicados oficiais sobre como proceder. Essa mensagem começou a chegar já depois das 20h onde apelava à "serenidade".
Às 14h o Centro Nacional de Cibersegurança (CNCS) afirmou que não foram identificados indícios que apontem para um ciberataque na falha na rede eléctrica, mas não descartou que pudessem vir a ser encontrados.
Escolas, aeroportos e entidades como a EPAL, E-Redes, REN e EDP foram também mantendo a população informada através de comunicados.
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