Secções
Entrar

PSD propõe aumentar número de círculos eleitorais e criar um novo de compensação

Lusa 23 de julho de 2021 às 17:57

Presidente do PSD propôs o aumento dos círculos eleitorais nacionais para 30, com divisão dos maiores distritos, e a redução de deputados de 230 para 215.

O PSD propôs hoje o aumento dos círculos eleitorais nacionais de 20 para 30, com divisão dos maiores, e a introdução de um círculo de compensação, a par da redução de deputados para 215, defendendo "não afetar a proporcionalidade".

Rui Rio Lusa

O documento com as linhas gerais da reforma do sistema eleitoral do PSD, hoje apresentadas pelo presidente, Rui Rio, e pelo vice-presidente David Justino em Pedrógão Grande (Leiria), foca-se na eleição dos deputados para a Assembleia da República.

Na proposta do PSD, passam a existir 30 círculos eleitorais no território nacional que elegem um total de 176 deputados, a que se soma um círculo nacional de compensação que elegerá mais 34 deputados.

A estes, acrescem os atuais círculos da Europa (que passaria a eleger três deputados em vez dos atuais dois) e Fora da Europa (que mantém os dois), totalizando os 215 deputados defendidos pelo PSD como número máximo a fixar numa futura revisão da Constituição.

O PSD propõe decompor os cinco maiores círculos do Continente (Braga, Porto, Aveiro, Lisboa e Setúbal), prevendo que nenhum possa eleger mais de nove deputados, mas também que nenhum dos mais pequenos poderá ter menos de três. Aos 30 círculos nacionais é atribuído automaticamente um mandato.

De acordo com o documento apresentado pelos sociais-democratas, o atual círculo de Lisboa, por exemplo (que elege 48 deputados), seria dividido em cinco: Lisboa, Cascais-Oeiras, Amadora-Odivelas-Loures, Sintra e Oeste.

O PSD defende que a sua proposta "não afeta a proporcionalidade" e apresenta um ensaio em que compara o número de deputados eleitos por cada partido em 2019 e os que seriam obtidos seguindo o método defendido pelos sociais-democratas.

Segundo esta tabela (assente numa redução de 230 para 215 deputados), o PS passaria de 108 para 101 mandatos (menos sete), o PSD de 79 para 74 (menos cinco), o BE de 19 para 18 (perde um), o PCP de 12 para 11 (perde um), o CDS-PP de 5 para 4 (perde um), enquanto as restantes forças políticas manteriam o mesmo número de eleitos: 4 pelo PAN e um deputado cada para Chega, Iniciativa Liberal e Livre.

No documento, refere-se que o cenário de 30 círculos nacionais (atualmente são 20, um por cada 18 distritos e Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores) "possibilita melhor conhecimento dos candidatos, tem custos políticos reduzidos e melhora a justiça territorial", mas admite-se que o efeito combinado da redução do número de deputados e da decomposição dos círculos maiores "exige um círculo de compensação que garanta a proporcionalidade e a representação dos pequenos partidos".

Para os eleitores, continuaria a existir "um único boletim de voto, em tudo semelhante ao atual", salienta o partido.

A proposta de revisão do sistema eleitoral do PSD assenta em três critérios: primeiro, a distribuição dos mandatos pelos círculos do território nacional é feita pelo método do quociente (e não pelo método de Hondt, para garantir "uma distribuição mais equilibrada"). Depois, é atribuído um bónus de um mandato a cada um dos 30 círculos do território nacional (para favorecer "os círculos com menor representação e garantir maior equilíbrio territorial"). O terceiro critério estabelece que a conversão de votos em mandatos continuaria a obedecer ao método de Hondt.

Já para distribuir os mandatos do círculo nacional de compensação, seria aplicado o método de Hondt às duas Regiões Autónomas e aos 18 distritos, tal como se processa atualmente. Ao resultado obtido, retira-se os 176 mandatos já atribuídos nos 30 círculos nacionais e nos dois da emigração e obtêm-se os 34 mandatos distribuídos pelas diferentes forças políticas.

Os sociais-democratas defendem que, se esta proposta for aplicada, "Portugal mantém a sua posição relativa na relação entre número de eleitores e o número de mandatos no quadro dos diferentes sistemas eleitorais na Europa".

O grupo de trabalho sobre a reforma do sistema político (onde se inclui a revisão do sistema eleitoral, círculos e mandatos) é coordenado pelo vice-presidente David Justino e integrado pelo vice-presidente e deputado André Coelho Lima, pelo ex-ministro Miguel Poiares Maduro, pelo antigo dirigente António Capucho e por Glória Sarmento e Nuno Sampaio.

Artigos Relacionados
Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela