Num país onde se trabalha tanto, onde se ganha tão pouco e onde trabalhar nem sempre chega para sair da pobreza, é urgente debater formas de aumentar este rácio salário/hora.
Em 1930, o economista John Maynard Keynes previu que, dali a 100 anos, apenas se trabalharia 15 horas por semana. Isto seria possível graças aos ganhos de produtividade que os avanços tecnológicos trariam. Quase 100 anos passados, a tecnologia chegou, a produtividade aumentou, mas estamos ainda muito longe de cumprir esta profecia.
Os trabalhadores dos países da OCDE trabalham, em média, 37.7 horas semanais, menos 2 horas que em Portugal. No entanto, olhando apenas para quem trabalha a tempo inteiro, Portugal está na média da OCDE com 40.6 horas de trabalho por semana. Convém, contudo, lembrar que a OCDE incluí países com tempos de trabalho muito superiores a Portugal, desde os Estados Unidos (41.4) até à Colômbia (49.2).
Quando focamos a análise nos países da União Europeia (UE), vemos que em Portugal se trabalha mais, mesmo entre trabalhadores a tempo inteiro. No último trimestre de 2023, a semana média de trabalho na UE teve uma duração de 40.3 horas. No entanto, com diferenças relevantes entre país, desde as 39.2 horas na Holanda até às 42.2 horas na Grécia. Em Portugal, foram 41.1 horas.
Num país onde se trabalha tanto, onde se ganha tão pouco e onde trabalhar nem sempre chega para sair da pobreza, é urgente debater formas de aumentar este rácio salário/hora. Para isso existem duas opções: ou aumentar o salário, ou diminuir as horas trabalhadas. Estamos mais habituados a pensar apenas na primeira, mas esquecer a segunda é pouco prudente. Primeiro, porque já foi feito e resultou: a redução do número de horas de trabalho para 8 horas/dia foi uma conquista sindical essencial, sem a qual ainda trabalharíamos de sol a sol e sem fins de semana. Segundo, porque quando trabalhamos menos horas, temos mais tempo para o lazer, para a comunidade e para a cultura, sem os quais somos apenas hamsters presos numa roda em movimento.
Em Portugal, a luta pela diminuição do tempo de trabalho, sem perdas salariais (!), ficou recentemente ligada à ideia da semana de quatro dias. No livro "Sexta-feira é o novo Sábado", o economista Pedro Gomes, explica passo a passo as oito razões pelas quais uma semana de quatro dias é benéfica: estimula a economia, produtividade e inovação, reduz o desemprego tecnológico, aumenta os salários e qualidade de vida dos 99%, dá liberdade e reconcilia esta sociedade polarizada.
O livro deu origem ao projeto-piloto da semana de quatro dias, realizado o ano passado em 41 empresas nacionais. Os resultados foram positivos em 95% das empresas, com ganhos na conciliação entre a vida profissional, pessoal e familiar. Destacam-se ainda benefícios na saúde mental, ambiente e produtividade.
O partido Livre foi o primeiro a trazer esta bandeira para a campanha nas últimas legislativas. A semana passada, também o Bloco propôs o alargamento deste projeto a mais empresas. E ainda bem. Qualquer partido que defenda a dignificação da vida dos trabalhadores e a transição climática justa, deverá ter esta questão em cima da mesa.
Se queremos deixar de ter armas de destruição matemática e passar a ter instrumentos de salvação da humanidade, está na hora de perceber o poder da ciência de dados e da inteligência artificial e não deixar o feitiço virar-se contra o feiticeiro.
Ao longo do tempo que vou estudando economia e acompanhando a vida pública, cada vez mais concluo que o bem-estar económico e material da população determina vivamente os resultados eleitorais.
Segundo o Relatório sobre a Evasão Fiscal Global 2024, os países da União Europeia são os que mais perdem com o desvio de dinheiro para paraísos fiscais. Aproveitando a concorrência fiscal entre países, esta é uma forma relativamente simples e rápida de atrair capital estrangeiro e aumentar a receita fiscal de um país.
A violação do segredo de justiça alimenta uma constante mediatização, que leva a julgamentos populares e ao sentimento que "na política são todos uns gatunos". Pior que este sentimento é a sua normal e perigosa conclusão "de que o era preciso era alguém que limpasse isto tudo".
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