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Ao longo do tempo que vou estudando economia e acompanhando a vida pública, cada vez mais concluo que o bem-estar económico e material da população determina vivamente os resultados eleitorais.
A Europa está a ficar para trás. Os anos áureos da economia europeia estão nos livros de História e, desde o início do milénio, a União Europeia (UE) atrasa-se comparativamente aos outros grandes blocos económicos mundiais, os Estados Unidos da América (EUA) e a China. Enquanto em 1980a UE representava cerca de 25.84% do PIB mundial, atualmente é sensivelmente 13.19%. Poderemos argumentar que per capita os números não são tenebrosos dado que a Ásia está a retornar ao seu lugar natural no mundo. Contudo, julgo tratar-se na mesma de um problema. A Europa perde a olhos vistos a sua capacidade de industrialização e de autosuficiência, e assim, o poder de decidir o próprio destino.
Ao compararmo-nos com a economia americana esta situação ainda é pior. Desde 2008, último ano no qual a economia da UE era equivalente à dos EUA, que a queda da economia europeia tem sido contínua.Hoje é 20% mais pobre comparativamente à dos EUA. Isto são más notícias, porque sem economia funcional tudo aquilo pelo qual a UE luta não sobrevive. Desde a liberdade individual à democracia até ao estado social europeu, tudo fica em perigo. Em tempos políticos e geopolíticos tão perigosos, este deveria ser o maior objetivo de todos os maiores governantes: aumentar e distribuir a riqueza do velho continente.
A expressão "A economia, estúpido" foi uma frase escrita no quartel-general da campanha de Bill Clinton às eleições americanas em 1992. A administração Bush pai, embora popular por causa da atuação na guerra do Golfo, tinha nas mãos uma recessão económica. O estrategista da campanha decidiu focar-se exatamente num dos aspetos que não tinha corrido tão bem ao presidente incumbente. A estratégia teve sucesso.
Ao longo do tempo que vou estudando economia e acompanhando a vida pública, cada vez mais concluo que o bem-estar económico e material da população determina vivamente os resultados eleitorais. Neste momento, assistimos à subida de partidos nacionalistas e anti-liberais. Pondo a questão desse lado, alguém há dez anos diria que hoje teríamos tido Donald Trump como Presidente dos EUA, o Reino Unido fora da UE, a Alternativa pela Alemanha em segundo lugar nas eleições europeias alemãs e a Frente Nacional com resultados históricos em França? Olhando hoje para estes sucessos eleitorais, todos eles têm um factor em comum: as áreas nas quais estes projetos nacionalistas têm mais votos são exatamente as zonas economicamente mais deprimidas do país.
Muitas vezes perdemo-nos nestes debates do porquê do crescimento da direita radical, confundindo-o com guerras culturais ou com políticas de emigração. Cada vez mais considero: o foco da política deve ser como aumentar a riqueza do país e como a redistribuir. A nível europeu, Mario Draghi está neste momento encarregado de criar uma estratégia para a competitividade europeia. Infelizmente em Portugal, temos más experiências com estes documentos (tal como aquele escrito porAntónio Costa Silva em 2020), contudo, tenho esperança que a tradição europeia de compromisso dê frutos.
Diria que, para além de planos, é necessário dar ferramentas a quem pode fazer algo: às pessoas. Isso não se faz só descendo impostos, nem esquecendo quem fica para trás durante este processo. Um sano equilíbrio entre justiça fiscal e o estado social é o caminho da Europa. Tem de ser um combate em duas frentes, porque se o aumento da riqueza e a sua distribuição não andarem de mãos dadas, acabaremos sem democracia: ou de um lado temos uma sociedade com tantos descontentes que votarão em alguém "fora do sistema contra as elites" (como está a acontecer) ou do outro lado um país sem riqueza no qual muita gente é dependente de ajudas do Estado.
Nestes tempos de incerteza, a crescente integração europeia é o único caminho certo para o crescimento do bloco europeu no mundo. Com a crescente polarização, assistimos a uma hostilidade política que resulta numa política de dividir para reinar. Isto tudo acontece enquanto os dois grandes blocos mundiais, os EUA e China, continuam a crescer e inclusive a ter mais força nos assuntos europeus do que a própria UE (como no caso da Ucrânia). A União Europeia é a única solução possível para os países europeus terem alguma relevância no panorama mundial. Só nos resta agora esperar que os políticos europeus se lembrem que para salvar a Europa é também necessário salvar a sua economia.
Ouça também o episódio desta semana do Mão Visível:
Se queremos deixar de ter armas de destruição matemática e passar a ter instrumentos de salvação da humanidade, está na hora de perceber o poder da ciência de dados e da inteligência artificial e não deixar o feitiço virar-se contra o feiticeiro.
Ao longo do tempo que vou estudando economia e acompanhando a vida pública, cada vez mais concluo que o bem-estar económico e material da população determina vivamente os resultados eleitorais.
Segundo o Relatório sobre a Evasão Fiscal Global 2024, os países da União Europeia são os que mais perdem com o desvio de dinheiro para paraísos fiscais. Aproveitando a concorrência fiscal entre países, esta é uma forma relativamente simples e rápida de atrair capital estrangeiro e aumentar a receita fiscal de um país.
A violação do segredo de justiça alimenta uma constante mediatização, que leva a julgamentos populares e ao sentimento que "na política são todos uns gatunos". Pior que este sentimento é a sua normal e perigosa conclusão "de que o era preciso era alguém que limpasse isto tudo".
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Identificar todas as causas do grave acidente ocorrido no Ascensor da Glória, em Lisboa, na passada semana, é umas das melhores homenagens que podem ser feitas às vítimas.
O poder instituído terá ainda os seus devotos, mas o desastre na Calçada da Glória, terá reforçado, entretanto, a subversiva convicção de que, entre nós, lisboetas, demais compatriotas ou estrangeiros não têm nem como, nem em quem se fiar