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As imagens apocalípticas dos incêndios parecem, assim, uma premonição do caos que se avizinha, especialmente tendo em conta que acontecem mesmo antes da tomada de posse de Donald Trump, um dos mais notórios promotores do negacionismo climático a nível internacional.
Em novembro de 2015, Saúl Lliuya, um agricultor peruano, decidiu processar uma das maiores produtoras de energia alemãs, a RWE, responsabilizando-a pelos efeitos devastadores das suas emissões de gases com efeito de estufa. Segundo ele, a atividade da empresa contribuiu, ao logo de vários anos, para o derretimento de glaciares perto da cidade onde nasceu, Huaraz, no Peru. O caso, ainda a decorrer nos tribunais, tornou-se histórico, não só por ser a primeira vez que um indivíduo processou uma grande empresa pela sua responsabilidade climática, mas também pelo distanciamento geográfico entre o local onde o dano ocorre e o local onde ele é produzido. Este caso destaca uma das maiores complexidades da justiça climática: provar causalidade.
A justiça climática reconhece que, embora as alterações climáticas sejam um fenómeno global, os seus impactos e responsabilidades são distribuídos de forma desigual. Por isso, os custos e benefícios da ação climática devem ser partilhados de maneira justa, considerando as responsabilidades históricas e as capacidades de cada país ou entidade. No entanto, os efeitos climáticos são globais, interconectados e influenciados por múltiplos fatores, o que torna difícil estabelecer uma ligação direta entre, por exemplo, a atividade de uma empresa específica e os impactos climáticos que causa. Mesmo sabendo que empresas como a Shell ou a Chevron, ao extrair petróleo no Golfo do México ou em Angola, contribuem significativamente para as emissões de gases com efeito de estufa, não é possível afirmar com certeza que essas emissões específicas irão causar desastres climáticos nos mesmos locais.
No entanto, por vezes, os impactos climáticos atingem as próprias regiões com maior responsabilidade sobre as emissões. O cenário dantesco dos incêndios na Califórnia é um exemplo paradigmático. Os Estados Unidos, historicamente um dos maiores emissores de gases com efeito de estufa, sustentaram o crescimento económico em emissões com efeitos globais desde a Revolução Industrial.
As imagens apocalípticas dos incêndios parecem, assim, uma premonição do caos que se avizinha, especialmente tendo em conta que acontecem mesmo antes da tomada de posse de Donald Trump, um dos mais notórios promotores do negacionismo climático a nível internacional. Os mais esotéricos poderão interpretar esta catástrofe como uma forma de karma, resultado direto das ações do país.
Seja karma ou causalidade, a responsabilidade dos Estados Unidos na crise climática é inquestionável. Não se trata apenas de emissões históricas, mas também de décadas de políticas que ignoram os alertas da ciência e priorizam interesses económicos de curto prazo em detrimento da sustentabilidade e do bem-estar coletivo. Esse descaso tem gerado respostas insuficientes até mesmo para combater catástrofes no próprio território.
Por outro lado, o impacto global das emissões norte-americanas está longe de ser limitar ao seu território. As emissões desproporcionais dos Estados Unidos continuam a influenciar as vidas de milhões de pessoas nos países do Sul Global. Este contexto reforça a urgência deste país assumir a responsabilidade pelas suas ações e apoiar os mais afetados, quer através de compensações financeiras, quer através de mudanças estruturais nas suas políticas internas e externas.
A justiça climática é, afinal, tanto uma questão de ciência como de moralidade. E, enquanto o direito tenta encontrar os mecanismos para responsabilizar os grandes emissores, é essencial que a pressão global aumente, para que ações concretas sejam tomadas antes que o karma ou a causalidade nos leve a um ponto de não retorno.
Depois do verão mais quente de sempre e dos mais recentes tsunamis geopolíticos, que têm comprometido a estabilidade global e os compromissos internacionais para o combate às alterações climáticas, esta organização traz consigo uma vontade redobrada de fazer cumprir os compromissos portugueses quer ao nível nacional e internacional.
Este descuido permitiu que os oligarcas da era digital minassem os sistemas económico e político, enquanto que a União Europeia tenta agora recuperar a autoridade que lhe escapou por entre os dedos.
As imagens apocalípticas dos incêndios parecem, assim, uma premonição do caos que se avizinha, especialmente tendo em conta que acontecem mesmo antes da tomada de posse de Donald Trump, um dos mais notórios promotores do negacionismo climático a nível internacional.
As odes de revertermos a situação climática para onde caminhamos parecem cada vez mais escassas e o aproximar do final da década deixa-nos cada vez com menos tempo.
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