Grupos de jovens revoltados invadiram várias zonas da cidade e periferias, bloquearam estradas com barricadas e pneus incendiados, saquearam estabelecimentos comerciais e vandalizaram viaturas, incluindo carros da polícia, forçando os agentes a recorrer a disparos para dispersar multidões
Luanda registou esta segunda-feira episódios de violência com vítimas mortais, saques e vandalismo durante o primeiro dia da greve dos taxistas contra o aumento dos combustíveis, em que milhares de pessoas saíram às ruas, enquanto a polícia tentava controlar os distúrbios.
Foto APAurelien Morissard, Pool
O cenário de violência coincidiu com o regresso ao país do Presidente João Lourenço, após uma visita de três dias a Portugal.
A paralisação dos táxis deixou milhares de pessoas a pé, sem meios de transporte para chegar ao trabalho ou regressar a casa e muitas continuam esta tarde retidas nos seus locais de serviço, temendo a insegurança das ruas.
Grupos de jovens revoltados invadiram várias zonas da cidade e periferias, bloquearam estradas com barricadas e pneus incendiados, saquearam estabelecimentos comerciais e vandalizaram viaturas, incluindo carros da polícia, forçando os agentes a recorrer a disparos para dispersar multidões, como a Lusa constatou na zona do Calemba 2.
Uma equipa da Lusa -- que foi ameaçada de apedrejamento por populares -- testemunhou pelo menos um corpo na via pública. Outras testemunhas garantem que há mais mortos, embora a polícia, que afirma ter a situação sob controlo, não tenha confirmado óbitos nem divulgado o número de detidos.
Várias lojas e supermercados fecharam portas por precaução, tal como algumas escolas, enquanto se aguarda um eventual regresso à normalidade. Em vídeos divulgados nas redes sociais, jovens são vistos a queimar cartazes com a imagem do Presidente da República, a carregar produtos alimentares retirados de lojas vandalizadas e a perseguir transportes que se atreveram a circular.
Uma concentração de motoqueiros na baixa de Luanda foi travada por um forte dispositivo policial e o Palácio Presidencial viu reforçada segurança, com recurso à polícia e militares.
Muitos dos postos de combustível da capital angolana ficaram cercados por agentes para evitar a fúria popular, mas a circulação faz-se sobretudo a pé, numa cidade onde muitos automobilistas evitam as ruas com receio de ataques.
Com os poucos autocarros que circulavam esta manhã a ser alvo de ataques, o transporte público acabou por ficar totalmente interrompido.
A polícia interditou várias vias onde os populares ergueram barricadas e queimaram pneus, tendo decidido encerrar o trânsito para controlar os distúrbios.
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