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Trump quer reduzir número de refugiados aceites pelos EUA para 7.500 e dar prioridade a sul-africanos brancos

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Caso a medida entre em vigor significará uma redução brutal na admissão do número de refugiados. No ano passado, o governo Biden estabeleceu uma meta de 125 mil admissões.

O presidente norte-americano, Donald Trump, está a considerar admitir menos refugiados nos Estados Unidos este ano. A informação foi avançada à agência de notícias Associated Press por duas fontes familiarizadas com este processo, que não estão autorizadas a comentar este assunto com a comunicação social, e que garantiram que este ano serão aceites apenas 7.500 refugiados, a maioria sul-africanos brancos. 

Trump pretende reduzir o número de refugiados aceites pelos EUA
Trump pretende reduzir o número de refugiados aceites pelos EUA AP Photo/Alex Brandon

Estes números não estão, no entanto, finalizados, uma vez que a informação ainda não foi transmitida oficialmente ao Congresso, conforme exigido. Além disso, sabe-se que nenhum refugiado será admitido durante o novo ano fiscal, que se iniciou a 1 de outubro. No entanto, caso esta notícia se confirme, este número significará uma redução dramática no número de refugiados aceites pelos EUA quando comparado com o governo anterior.

No ano passado, o governo de Joe Biden estableceu uma meta de 125 mil admissões de refugiados. Agora, caso esta medida restritiva se verifique, alguns refugiados, que já haviam sido avaliados e aguardavam uma aprovação do país, poderão ser retirados da fila de espera, apontam alguns advogados citados pela Associated Press.

"Esta seria uma mudança monumental na política de refugiados dos EUA, não apenas em termos de redução de admissões, mas também em termos de priviligiar desproporcionalmente um grupo em detrimento de todos os outros", considerou Krish O’Mara Vignarajah, presidente da organização Global Refugee.

Segundo Mark Hetfield, presidente da HIAS (Hebrew Immigrant Aid Society) - uma organização humanitária judaica de acolhimento de refugiados - cerca de 128 mil refugiados que foram admitidos nos EUA estão agora presos num limbo. “Como pode um presidente que afirma defender os valores religiosos e americanos e que afirma apoiar a imigração legal ordenar virar as costas a tantos refugiados que seguiram as regras, enquanto coloca os sul-africanos brancos na frente da fila?”, questionou.

Em setembro, algumas organizações que prestam assistência a refugiados já haviam alertado que o governo estaria a considerar limitar a admissão de refugiados a cerca de 30 mil pessoas, sendo que a maioria das vagas estariam reservadas a sul-africanos brancos. Funcionários da administração Trump afirmaram, no entanto, na época, que estes números estavam em constante mudança e que precisariam de ser aprovados pela Casa Branca.

Suspensão do programa de refugiados

Em janeiro, logo no primeiro dia em que Donald Trump assumiu o mandato, o presidente suspendeu o Programa de Admissão de Refugiados - a agência responsável pelo processamento de pedidos de asilo. Segundo Mark Hetfield estavam incritos neste programa 14 mil judeus, cristãos e outras minorias religiosas do Irão. Desde então que um pequeno número de refugiados foi admitido no país.

Anteriormente, Donald Trump também já havia acusado a África do Sul de genocídio contra os agricultores brancos. O presidente sul-africano negou, contudo, estas declarações e os dados revelaram que estas informações apresentadas pelo republicano não passavam, de facto, de uma falácia.