"O Boko Haram provou ser um grupo resistente. Penso que será preciso tempo para o eliminar totalmente", disse Mohamed Ibn Chambas, representante especial para a região do secretário-geral da ONU, António Guterres.
"Aquilo que estamos a ver é que o Boko Haram faz agora parte da rede internacional do terrorismo", prosseguiu Chambas, à margem de uma cimeira regional no Lago Chade em Maiduguri, capital do estado nigeriano de Borno, onde nasceu o grupo ‘jihadista’.
Os dirigentes dos quatro países em torno do lago (Nigéria, Níger, Chade e Camarões) estão reunidos para debater cooperação regional, estabilização, consolidação da paz e desenvolvimento durável.
Desde 2015 que os exércitos destes quatro Estados estão agrupados numa Força Multinacional Mista (FMM) para combater o Boko Haram.
Neste momento, o Governo e os militares nigerianos consideram que a guerra contra o Boko Haram terminou.
Em Dezembro de 2015, o Presidente nigeriano, Muhammadu Buhari, declarou que o Boko Haram estava "tecnicamente vencido" - uma afirmação posta em causa pelo facto de os ‘jihadistas’ continuarem a cometer atentados contra alvos militares e civis.
A 01 de maio, pelo menos 86 pessoas morreram em dois atentados-suicida contra uma mesquita e um mercado da cidade de Mubi, no estado de Adamawa.
Segundo o representante especial da ONU, "enquanto eles (os ‘jihadistas’) não forem totalmente vencidos, eles estarão evidentemente presentes em algumas zonas" e controlam provavelmente ainda alguns territórios dos estados de Yobe e Borno, no nordeste da Nigéria.
Chambas, que classificou o combate da FMM como "uma vitória assinalável", insta-o a "continuar vigilante".
"Não podemos considerar o sucesso como adquirido e pressupor que eles foram totalmente vencidos", observou.
Nos últimos nove anos, o grupo extremista islâmico fez mais de 20.000 mortos na região e expandiu-se do nordeste da Nigéria para o Níger, o Chade e os Camarões, criando uma grave crise humanitária.