O objetivo do ensaio é perceber como o coronavírus afeta o corpo humano de forma a conseguir desenvolver mais e melhores vacinas. Cientistas procuram jovens saudáveis para infetar.
São jovens, saudáveis e vão ser infetados com o SARS-CoV-2 pelas autoridades de saúde do Reino Unido. O país liderado por Boris Johnson é o primeiro do mundo a permitir que voluntários sejam propositadamente expostos ao vírus que provoca a covid-19. Esta iniciativa faz parte de um estudo que pretende entender melhor a doença que virou o mundo de pernas para o ar e as suas consequências no corpo humano, informou o governo britânico num comunicado.
REUTERS/Mohamed Abd El Ghany
Apesar de parecer uma experiência bastante arriscada, a prática foi aprovada pelo órgão de ética de ensaios clínicos daquele país, o Departamento para a Economia, Energia e Estratégia Industrial. Batizado como "Desafio Humano", este projeto é uma parceria entre a equipa britânica para a vacinação, o Imperial College London, o Royal Free London NHS Foundation Trust e a empresa hVIVO.
Os ensaios clínicos têm data marcada para arrancarem em março e no total serão 90 os jovens adultos a ser infetados, num "ambiente seguro e controlado". As autoridades estão a escolher a dedo os 90 voluntários que serão acompanhados de médicos e cientistas com a missão monitorizar a evolução do vírus nos voluntários. Após uma primeira fase, vacinas contra a covid-19 serão dadas a alguns voluntários de maneira a determinar quais as mais eficazes e, assim, acelerar o desenvolvimento das mesmas. "A resposta dará aos médicos uma maior compreensão sobre a covid-19 e ajudará na resposta à pandemia, auxiliando no desenvolvimento de vacinas e tratamento", lê-se no comunicado emitido pelo governo local.
"Embora tenha existido um progresso muito positivo no desenvolvimento de vacinas, queremos encontrar as vacinas melhores e mais eficazes para uso a longo prazo", defendeu o ministro da Economia, Kwasi Kwarteng.
A empresa hVIVO, pioneira neste tipo de testes com humanos, está envolvida no estudo com uma série de instituições académicas e hospitalares britânicas. O diretor científico da empresa, Andrew Catchpole, disse que os dados "vão facilitar imediatamente o modelo de desafio a ser usado para o teste de eficácia de vacinas, bem como para responder a uma série ampla de questões científicas fundamentais que não são viáveis com os testes de campo tradicionais, como exatamente que tipo de resposta imunitária é necessária para conferir proteção contra reinfecção", justificou.
Alastair Fraser-Urquhart, de 18 anos, inscreveu-se na iniciativa mal soube da sua existência, tendo sido um dos selecionados. "Os ensaios podem ajudar a desenvolver mais e melhores vacinas. Se os tivéssemos começado a fazer antes, podíamos ter essas melhores vacinas a serem desenvolvidas até ao Natal", disse o jovem ao jornal The Guardian. Admitindo que há medos associados a estes testes: "Claro que tenho preocupações, tal como toda a gente devia ter antes de entrar nestes ensaios. Há riscos que desconhecemos. Será que vou ter maiores riscos de ter cancro nos pulmões aos 50 por ter contraído o coronavírus? Mas eu aceitei esses riscos".
As "cobaias" deste ensaio vão receber uma compensação monetária - afinal, vão estar 17 dias fechados para impedir a propagação do vírus - no valor de 4.500 libras (perto de 5.100 euros).
O Reino Unido já vacinou mais de 15 milhões de pessoas com uma primeira dose da vacina contra a covid-19.
Os investigadores ambicionam perceber qual a menor quantidade de vírus necessária para causar infeção, sendo que o estudo pretende ainda ajudar os médicos a entender como o sistema imunitário reage ao coronavírus e identificar os fatores que influenciam a forma como este é transmitido.
O estudo vai inicialmente utilizar a versão do vírus que estava a circular no Reino Unido em março de 2020, já que a nova variante surgida naquele país entretanto é possivelmente mais mortífera.
Para evitar a importação de casos da nova variante, a partir desta semana, quem chega ao Reino Unido vindo de 33 países de risco, incluindo Portugal, tem de fazer quarentena num hotel, uma medida que tem sido criticada.
O Reino Unido é um dos países com o plano de vacinação mais avançado, tendo imunizado já mais de 15,5 milhões de pessoas, das quais 546 mil com uma segunda dose, que é administrada com um intervalo de até 12 semanas.
É também o país com o balanço de mortalidade mais elevado da Europa e o quinto a nível mundial, atrás dos Estados Unidos, Índia, Brasil e México, tendo registado 118.195 óbitos confirmados desde o início da pandemia covid-19.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.408.243 mortos no mundo, resultantes de mais de 109 milhões de casos de infecção.
Para poder adicionar esta notícia aos seus favoritos deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
Para poder votar newste inquérito deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
A PSP enfrenta hoje fenómenos que não existiam ou eram marginais em 2007: ransomware, ataques híbridos a infraestruturas críticas, manipulação da informação em redes sociais. Estes fenómenos exigem novas estruturas orgânicas dedicadas ao ciberespaço, com autonomia, meios próprios e formação contínua.
As palavras de Trump, levadas até às últimas consequências, apontam para outro destino - a tirania. Os europeus conhecem bem esse destino porque aprenderam com a sua miserável história.