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Putin nega intenção de ocupar Kharkiv, apenas quer criar "zona tampão"

As tropas russas têm estado a tomar várias cidades perto de Kharkiv, que se situa na fronteira entre a Ucrânia e a Rússia, após Kiev ter lançado repetidos ataques na região russa de Belgorod.

O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou esta sexta-feira que as forças russas que avançaram no nordeste da Ucrânia estão a criar uma "zona de tampão" para proteger a Rússia de ataques.

Sputnik/Sergei Bobylev/Pool via REUTERS

"Os civis estão a morrer lá, é óbvio", disse Putin, em declarações aos jornalistas durante a visita de Estado à China. "Estão a disparar diretamente contra o centro da cidade, contra zonas residenciais. E eu disse publicamente que, se isto continuar, seremos obrigados a criar uma zona de segurança, uma zona tampão. É isso que estamos a fazer."

As tropas russas têm estado a tomar várias cidades perto da cidade de Kharkiv, que se situa na fronteira entre a Ucrânia e a Rússia, após Kiev ter lançado repetidos ataques na região russa de Belgorod, onde cerca de 20 pessoas morreram no domingo, dia 12.

"Quanto ao que está a acontecer na direção de Kharkiv, a culpa é deles [da Ucrânia] porque bombardearam e continuam, infelizmente, a bombardear bairros residenciais nas zonas fronteiriças, incluindo Belgorod", referiu Putin, em declarações aos jornalistas durante a visita de Estado à China, após as conversações sobre a Ucrânia com Xi Jinping, presidente chinês.

No entanto, quando questionado se as forças russas planeiam tomar o controlo da cidade, o presidente russo afirmou que: "Quanto a Kharkiv, não existem tais planos até à data."

Na semana passada, a Rússia abriu uma nova frente na guerra contra a Ucrânia, ao atravessar a fronteira para o nordeste do país, tendo obrigado ao envio de tropas ucranianas de outras regiões para Kharkiv, que é a segunda maior cidade do país.

Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, reconheceu que a situação "é muito complicada", acrescentando que Kiev não se pode dar ao luxo de perder a cidade para os russos. Já o chefe do exército ucraniano, Oleksandr Sirski, afirmou esta sexta-feira, que a Rússia alargou a sua frente de guerra em mais de 70 km, estando atualmente a cerca de 10 km da cidade de Kharkiv.

Ocidente "está doente da cabeça"

O presidente russo, em viagem à China, discutiu várias questões com Xi Jinping, o homólogo chinês, uma das quais a guerra na Ucrânia. Putin elogiou o presidente chinês pelo facto de ter adotado uma abordagem flexível para encontrar um fim para o conflito.

No entanto, Putin repreendeu o Ocidente, a quem culpa por ter "afundado" o projeto de cessar-fogo que as equipas de negociação russas e ucranianas lançaram na Turquia em 2022, acrescentando que essas negociações falhadas são a base possível para a paz, embora tenha dito que qualquer cessar-fogo terá de ter em conta que a Rússia controlará cerca de 18% do território ucraniano.

"Eles [Ocidente e Ucrânia] queriam ganhar vantagem no campo de batalha, alcançar uma derrota estratégica, mas não funcionou. Será que estão doentes da cabeça?", referiu Putin. "É claro que vamos proceder com base na realidade que se está a formar no terreno. Isso é óbvio."

Putin ainda afirmou que a Rússia suspeitava que a cimeira prevista para junho, onde a Suíça espera que se abra um caminho para um processo de paz na Ucrânia, tinha o objetivo de produzir um ultimato à Rússia.

O mesmo acrescentou que Moscovo está disposto a dialogar. Sendo que a Rússia não foi convidada para a cimeira, quando questionado pelos jornalistas se estaria a disposto a participar na conferência, referiu que: "A política tem a ver com realidades concretas e não com situações hipotéticas, mas estamos prontos para discutir [a paz], nunca nos recusámos a fazê-lo."

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