Sábado – Pense por si

Presidente da Coreia do Sul quis impor lei marcial para silenciar oposição sobre escândalos?

Luana Augusto
Luana Augusto 04 de dezembro de 2024 às 10:29
As mais lidas

Yoon Suk-yeol e a mulher estão a ser investigados por alegado tráfico de influências. Casal está também envolvido em outros escândalos - um deles relacionado com uma mala da Dior.

O presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk-yeol, declarou na terça-feira (3) que iriaimplementar a lei marcial- que restringe, por exemplo, o direito à manifestação. Porém, esta imposição demorou  poucas horas até que o parlamento lhecolocasse um fim. Face a esta decisão, a oposição acusou o presidente de tentar silenciar os seus rivais sobre um escândalo que o envolve a ele e à sua mulher. Agora enfrenta uma moção com vista à sua destituição.

The Presidential Office/Handout via REUTERS/File Photo

Os conservadores garantem que esta medida iria servir de vingança política, uma vez que o líder está a ser alvo de várias investigações que envolvem tráfico de influências. Yoon Suk-yeol e a primeira-dama, Kim Keon Hee, são acusados de terem escolhido um determinado candidato para concorrer pelo conservador Partido do Poder Popular a uma eleição, em 2022.  

Acredita-se que esta alegada influência aconteceu a pedido de Myung Tae-kyun, um pesquisador e mediador político que já conduziu sondagens de opinião gratuitas para Yoon, antes deste se ter tornado presidente. O governante, entretanto, já pediu desculpas pelos escândalos que envolvem a sua mulher e negou qualquer tipo de irregularidade.

Este escândalo já reservou várias manchetes nas últimas semanas, na Coreia do Sul, com fugas de informação das conversas telefónicas de Myung a mostrarem que este se gabava de ter influência sobre o casal e outros altos funcionários. Questionado, durante uma conferência de imprensa na passada quinta-feira, sobre esta relação, Yoon insistiu que "não fez nada de inapropriado" e que não tem "nada a esconder".

Porém, o Partido Democrata, da oposição, referiu que esta resposta só mostrou a "arrogância" do presidente. O mesmo partido já tinha exigido anteriormente que Yoon procedesse a uma mudança dos seus altos funcionários e aceitasse uma investigação independente à sua mulher.

O escândalo da mala da Dior

REUTERS/Issei Kato

Esta não é a primeira vez que o casal se vê envolvido em escândalos. Em 2022, câmaras de espionagem captaram Kim a aceitar uma mala de luxo da Dior de €2 mil como presente de um pastor, sendo que na Coreia do Sul é proibido os funcionários públicos e cônjuges receberam prendas num valor acima de €713.

Os vídeos, que foram divulgados apenas em 2023, foram publicados no YouTube e levantaram imediatamente uma onda de polémicas. "Porque continua a trazer isto? Por favor, não precisa de fazer isto", ouve-se a primeira-dama a dizer no vídeo enquanto recebe o presente.

Na altura, o presidente considerou que a primeira-dama cometeu, de facto, alguns erros, mas afirmou também que a sua mulher foi "demonizada" por alegações "exageradas", segundo citou a emissora sul-coreana KBS. "Ela deveria ter-se comportado com mais cautela", acrescentou Yoon, à agência de notícias Yonhap. 

Este escândalo acabou por causar uma divisão no partido de Yoon.

Outras polémicas

Além destes episódios, Kim já havia sido acusada em 2020 de manipulação de preços de ações. Nesse ano, o atual presidente sul-coreano ainda era procurador-geral e a sua mulher foi acusada de um esquema de manipulação de ações de €59 milhões, relacionadas com a Deutsche Motors.

Kim esteve ainda envolvida numa outra controvérsia. Foi acusada por um grupo de professores de ter plagiado uma dissertação e outros artigos, aponta o Korea Times.

Artigos Relacionados

As 10 lições de Zaluzhny (I)

O poder não se mede em tanques ou mísseis: mede-se em espírito. A reflexão, com a assinatura do general Zaluzhny, tem uma conclusão tremenda: se a paz falhar, apenas aqueles que aprendem rápido sobreviverão. Nós, europeus aliados da Ucrânia, temos de nos apressar: só com um novo plano de mobilidade militar conseguiríamos responder em tempo eficaz a um cenário de uma confrontação direta com a Rússia.