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Portugueses em Moçambique não estão de saída e relativizam o medo

Bruno Faria Lopes , Maria Henrique Espada 22 de janeiro de 2025 às 23:00

António viu os seus armazéns serem pilhados, Maria foi para África do Sul com os filhos no início das manifestações, Jaime manteve a família mais tempo em Lisboa depois do Natal. Os portugueses admitem as suas preocupações sobre a segurança e a economia moçambicana no futuro, mas não estão dispostos a sair a correr de um país onde gostam de viver - e onde têm negócios e, em alguns casos, raízes familiares.

António estava de férias em Portugal a 24 de dezembro, já em ambiente de reunião familiar de consoada, quando lhe chegou a notícia de que as instalações do seu negócio em Maputo tinham sido invadidas, pilhadas e destruídas por um grupo de pessoas. “Até havia mulheres com o bebé a tiracolo no grupo”, descreve. A turba usou camiões roubados ao negócio ao lado, roubados, para forçar a entrada pelos portões e a polícia nada conseguiu fazer. A invasão aconteceu naquilo a que os portugueses ouvidos pela SÁBADO chamam “aqueles dias” – os dias de dezembro em que as manifestações contra a Frelimo, o partido que governa Moçambique há quase 50 anos, saíram do controlo e se transformaram em vandalismo. António, que prefere não dar o nome verdadeiro, foi um de vários empresários que sofreram perdas, mas a sua postura está longe de ser de desistência.

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