Em Moçambique, as imagens de uma mulher a ser socada pela polícia tornaram-se virais no dia da tomada de posse do novo presidente. Activista avançou com queixa-crime.
As imagens viralizaram esta quarta-feira durante todo o dia nas redes sociais moçambicanas. Uma mulher, sem qualquer razão, é violentamente socada por um agente graduado da Unidade de Intervenção Rápida (UIR) da polícia moçambicana. A agredida não esboça qualquer reacção. Depois, de outro agente, sofre mais duas agressões com cassetete. Para defender o rosto, só tem uma arma: as mãos, e, desta vez, usa-as. No vídeo, ouvem-se vozes de forte repúdio. Tudo se passa na esquina das avenidas 25 de Setembro com a Samora Machel, a uma escassa centena de metros da cerimónia de tomada de posse de Daniel Chapo como quinto presidente de Moçambique.
Foi para defender esta mulher agredida que hoje, quinta-feira, dia 16, André Mulungo, activista do Centro para a Democracia e Direitos Humanos (CDD), se deslocou à Procuradoria-Geral da República de Moçambique. À SÁBADO, esclareceu: "Ontem houve uma senhora que foi violentada por dois agentes da UIR. Foi agredida várias vezes com grande violência. Por conta dessa actuação o CDD decidiu entrar com uma queixa-crime contra o agente agressor que está bem identificado para que ele possa ser responsabilizado. Identificámos dois crimes: ofensas corporais e coacção física."
André Mulungo não tem dúvidas que ao perpetrar esta agressão, a UIR estava a "lançar uma mensagem a todas as pessoas que estavam ali, tornando bem claro que qualquer movimento poderia ser respondido na mesma proporção em que foi violentada a cidadã que é a causa de estarmos hoje aqui."
Mas ontem, dia de tomada de posse, a violência da polícia esteve longe de ficar por aqui. "Nós, enquanto CDD, no trabalho que fizemos durante todo o dia consideramos que foi um dia muito mau, em termos de direitos humanos. Um dia que devia ser de festa tornou-se de luto." E acrescentou: "Noutras realidades estes são momentos de alegria, de felicidade, vitoria-se o novo presidente. Mas aqui aconteceu o contrário."
Depois, revelou o número de mortos, o maior dos últimos dias. "Do levantamento que fizemos foram assassinadas pela UIR 10 pessoas. Sete na cidade e província de Maputo, e três na província de Nampula", esclarecendo que "esta queixa insere-se num trabalho mais alargado e complexo de identificação de todas as vítimas para que se faça justiça." E os números são impressionantes: "Desde que a violência policial teve início, no dia 21 de Outubro, 527 pessoas foram mortas, 60 delas carbonizadas dentro de um armazém no bairro de Benfica, nos arredores de Maputo."
André Mulungo olha para a tomada de posse de Daniel Chapo como "um momento triste, fúnebre. As avenidas que ele [Chapo] percorreu estavam vazias, ninguém o saudou. O país vive um momento de luto, de sangue, as pessoas compreendem que este não é um momento de festa."
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