Ex-apresentador da Fox News enfrentou o seu primeiro desafio: uma audiência de confirmação. Falou durante quatro horas e através de negações e lapsos de memória conseguiu contornar as questões dos democratas, sobre alegadas agressões sexuais e consumo excessivo de álcool.
Pete Hegseth, o escolhido de Donald Trump para assumir a pasta de secretário de Defesa dos EUA, superou na terça-feira o seu primeiro obstáculo na corrida à chefia do departamento de Defesa. Surpreendentemente controverso, Hegseth usou durante a sua audiência de confirmação um padrão de negações, lapsos de memória e ataques aos meios de comunicação sociais de "esquerda", para contornar as questões dos democratas sobre o seu passado. Falou durante quatro horas e teve de enfrentar várias questões difícieis, nomeadamente sobre a suposta má gestão financeira dos seus antigos empregos, a possibilidade de Trump emitir ordens ilegais e a sua capacidade para comandar o Departamento de Defesa.
REUTERS/Evelyn Hockstein TPX IMAGES OF THE DAY
"É tudo falso", disse quando o senador Mark Kelly o questionou sobre a alegada agressão sexual, o consumo excessivo de álcool e a sua posição referente à participação de mulheres e gays em missões de combate, de que tem sido acusado.
Tem votos suficientes para assumir o cargo
Apesar de todo o escândalo em volta do seu passado, Pete Hegseth terá conseguido obter votos suficientes para seguir em frente na corrida ao cargo de secretário de Defesa – isto porque nenhuma das suas respostas parece ter perturbado os republicanos.
A votação ainda irá ocorrer, estando a sua realização prevista para a próxima segunda-feira, 20 de janeiro, após a tomada de posse de Trump, mas é esperado que o ex-apresentador da FOX News reúna os votos suficientes.
Mulheres nas forças armadas
Durante a audiência, os democratas questionaram repetidamente o candidato a secretário da Defesa sobre as suas declarações anteriores, que sugeriam que as mulheres não eram adequadas para servir as forças armadas.
"Senhor Hegseth, estou a citá-lo de um podcast: ‘ As mulheres não deveriam estar em combate de forma alguma’", confrontou a senadora Elizabeth Warren.
Apesar disso, Hegseth manteve a postura e respondeu que a sua preocupação não eram as mulheres em combate, mas simplesmente manter os "padrões" nas forças armadas.
Promete foco nas forças armadas
Durante as quatro horas de audiência, o veterano militar prometeu também avaliar o foco do Departamento de Defesa para as forças armadas dos EUA e criticou as políticas que, na sua opinião, prejudicavam a eficiência e a "letalidade" das mesmas, nomeadamente os esforços voltados para a diversidade racial e de género.
"Combate, letalidade, meritocracia, padrões e prontidão. É isso. Esse é o meu trabalho", declarou inicialmente.
Falta de experiência
Pete Hegseth, que com 44 anos poderá ser o mais jovem secretário de Defesa em décadas, também respondeu a questões sobre a sua preparação para comandar esta área do governo.
Perante estas questões, o ex-apresentador da Fox News descreveu-se como um "agente de mudança", e defendeu que estava na "hora de dar o comando a alguém com pó nas botas".
Ainda assim, os democratas continuaram a pressionar Hegseth sobre as suas qualificações para o mais alto cargo militar. "Senador, em ambas as organizações que administrei, sempre fomos completamente responsáveis fiscalmente", respondeu o ex-apresentador, perante as dúvidas de conseguir gerir um orçamento de 825 mil milhões de euros.
Reportagens de meios de comunicação sociais norte-americanos já haviam descoberto que os mandatos de Hegseth no comando de dois grupos de veteranos sem fins lucrativos terminaram em desordem financeira. Graduado pelas universidades de Princeton e Harvard, o ex-apresentador já foi líder de pelotão de infantaria na Baía de Guantánamo e no Iraque, e recebeu a Medalha Estrela de Bronze por isso. Tem ainda experiência militar no Afeganistão.
Agressão sexual ou campanha de difamação?
Hegseth negou qualquer irregularidade e alegou que não fez qualquer acordo com uma mulher, que diz ter sido agredida sexualmente em 2017. Na terça-feira partiu até para a ofensiva, ao defender que se trata de uma "campanha de difamação" orquestrada pelos media de esquerda.
"Os nossos media de esquerda na América infelizmente hoje não se importam com a verdade", lamentou. "Tudo o que eles queriam fazer era destruir-me porque sou um agente de mudança e uma ameaça para eles. Mas apesar dos ataques, permaneço comprometido com a verdade e com os nossos combatentes."
O ex-apresentador da Fox News disse que não sabia se tinha acordos de confidencialidade com as suas duas ex-mulheres. E mesmo quando os legisladores recitaram detalhes sobre casos extraconjugais manteve a calma. Hegseth e o seu advogado advertiram que o encontro de 2017 no hotel foi consensual.
"Fui falsamente acusado, totalmente investigado e completamente inocentado", afirmou.
Para poder adicionar esta notícia aos seus favoritos deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
O humor deve ser provocador, desafiar convenções e questionar poderes. É um pilar saudável da liberdade de expressão. Mas quando deixa de ser crítica legítima e se transforma num ataque reiterado e desproporcional, com efeitos concretos e duradouros na vida das pessoas, deixa de ser humor.
Trazemos-lhe um guia para aproveitar o melhor do Alentejo litoral. E ainda: um negócio fraudulento com vistos gold que envolveu 10 milhões de euros e uma entrevista ao filósofo José Gil.
Até porque os primeiros impulsos enganam. Que o diga o New York Times, obrigado a fazer uma correcção à foto de uma criança subnutrida nos braços da sua mãe. O nome é Mohammed Zakaria al-Mutawaq e, segundo a errata do jornal, nasceu com problemas neurológicos e musculares.
Queria identificar estes textos por aquilo que, nos dias hoje, é uma mistura de radicalização à direita e muita, muita, muita ignorância que acha que tudo é "comunista"