O novo primeiro-ministro substitui Sigmundur David Gunnlaugsson, que se demitiu após ter sido revelado que tinha uma conta offshore no escândalo dos Panama Papers
O novo Governo de direita da Islândia tomou posse esta quinta-feira, desde logo sob fogo da oposição, que pretende apresentar uma moção de desconfiança, e de mãos atadas perante o apelo desta para a rápida realização de eleições.
O novo primeiro-ministro, Sigurdur Ingi Johannsson, substitui Sigmundur David Gunnlaugsson, que se demitiu na terça-feira entre protestos devido a uma conta escondida offshore cuja existência foi revelada no âmbito da fuga de informação dos Panama Papers, que trouxe à luz milhões de registos financeiros.
Johannsson, um veterinário de 53 anos que era, até agora, ministro da Agricultura e das Pescas, já anunciou que serão realizadas novas eleições legislativas "no outono", cerca de seis meses antes da votação habitual, agendada para Abril de 2017.
Mas os manifestantes continuam a protestar à porta do parlamento há três dias consecutivos, atirando ovos e iogurte à fachada do edifício e exigindo a demissão da coligação formada pelo Partido Progressista de centro-direita, de Johannsson, e pelo seu parceiro mais pequeno, o Partido da Independência, além de eleições antecipadas.
Johannsson foi empossado pelo Presidente islandês, Olafur Ragnar Grimsson, na residência presidencial, em Reiquiavique.
Na terça-feira, quando entregou o seu pedido de demissão ao Presidente, Gunnlaugsson foi surpreendido por manifestantes revoltados que lhe mostraram cartões vermelhos, repetindo as palavras de ordem: "Eleições já, queremos votar!".
Birgitta Jonsdottir, fundadora do libertário Partido Pirata, que subiu nas sondagens durante a actual crise, disse que as pessoas querem mais que uma remodelação governamental.
Formado em 2012 e defendendo mais transparência na política, liberdade na Internet e revisão dos direitos de autor, o Partido Pirata vê agora serem-lhe atribuídas 43% das intenções de voto, um apoio que deriva da enorme frustração causada pelo envolvimento da classe política em dois grandes escândalos financeiros: a bancarrota do país, em 2008, e agora os Panama Papers.
Os cidadãos islandeses têm geralmente pouco mais de que se queixar: o país tem pleno emprego, baixos níveis de criminalidade, um Estado social eficiente, reduzida desigualdade de rendimentos e uma expectativa de vida elevada, 83 anos.
Mas o novo primeiro-ministro, que detinha a importante pasta da Agricultura e Pescas no executivo de Gunnlaugsson, não é propriamente popular. Uma sondagem realizada no fim de Março sugeria que apenas 3% dos eleitores tinham uma opinião favorável dele.
Ele é visto pelos críticos como um representante emblemático da velha guarda que fazia vista grossa aos investimentos irresponsáveis dos banqueiros que destruíram o sector bancário em 2008.
O colapso financeiro mergulhou a Islândia numa profunda recessão e deixou milhares atolados em dívidas.
Os partidos da oposição da esquerda e centro apresentaram uma moção de desconfiança ao parlamento, que deverá ser votada na sexta-feira, embora não tenha qualquer hipótese de ser aprovada, porque o Governo é maioritário.
Gunnlaugsson tornou-se a primeira grande baixa política decorrente do escândalo dos Panama Papers, tendo-se demitido devido a revelações de que ele e a mulher tinham uma empresa offshore nas ilhas Virgens britânicas e tinham lá colocado milhões de dólares da herança dela.
O então primeiro-ministro vendeu a sua participação de 50% da empresa à mulher pela simbólica quantia de um dólar no final de 2009, mas esquecera-se de declarar essa participação, como exigido, quando foi eleito para o parlamento, seis meses antes.
Sigmundur David Gunnlaugsson disse que lamentava não ter feito isso, mas insistiu em que ele e a mulher haviam cumprido a lei islandesa e pagado todos os seus impostos no país.
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