Sábado – Pense por si

OMS volta a falhar entrega de medicamentos em Gaza

Diogo Barreto
Diogo Barreto 10 de janeiro de 2024 às 17:25
As mais lidas

Esta é a sexta tentativa não cumprida de entrega de medicamentos por parte da Organização Mundial de Saúde por "falta de condições".

A Organização Mundial de Saúde (OMS) cancelou uma nova entrega de medicamentos na Faixa de Gaza esta quarta-feira (10), citando falta de condições de segurança.

Israel Defense Forces/Handout via REUTERS

Tedros Adhanom Ghebreyesus, o presidente da OMS, disse que esta é a sexta missão para o norte de Gaza que foi cancelada por falta de garantias de segurança para os funcionários ou por a visita não ter sido aprovada nas últimas três semanas. "Bombardeamentos intensos, restrições de movimentação, falta de combustível e comunicações interrompidas tornam impossível para a OMS e os seus parceiros chegar àqueles que precisam", disse Tedros numa conferência de imprensa citada pela agência noticiosa Reuters.

Anteriormente, a OMS já tinha avisado que a sua capacidade para ajudar os habitantes de Gaza estava "a diminuir" enquanto decorre uma "catástrofe humanitária" naquele território.

"Estamos a ver esta catástrofe humanitária desenrolar-se diante dos nossos olhos. Estamos a assistir ao colapso muito rápido do sistema de saúde", afirmou Sean Casey, um coordenador das equipas de emergência da OMS, no início da semana. 

O exército israelita anunciou uma nova fase da sua intervenção em Gaza com menos tropas e operações com alvos cirúrgicos, mas a OMS assegura que não sentiu diminuição da intensidade dos ataques. "O que nós continuamos a ver é um número enorme de vítimas dos combates, bem como ferimentos provocados por estilhaços, por balas, por esmagamento em edifícios que desabaram: isso continua a acontecer todos os dias", referiu.

De acordo com a organização, só 15 dos 36 hospitais de Gaza estão a funcionar pelo menos parcialmente, a maioria dos quais no sul do enclave palestiniano sobrepovoado, pobre e agora destruído, 85% de cuja população (1,9 milhões de pessoas) se viu obrigada a deslocar-se devido à ofensiva israelita.

A 7 de outubro, combatentes do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) - desde 2007 no poder na Faixa de Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel - realizaram em território israelita um ataque de proporções sem precedentes desde a criação do Estado de Israel, em 1948, fazendo 1.139 mortos, na maioria civis, segundo o mais recente balanço das autoridades israelitas, e cerca de 250 reféns, 127 dos quais permanecem em cativeiro.

Em retaliação, Israel declarou uma guerra para "erradicar" o Hamas, que começou por cortes ao abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível na Faixa de Gaza e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre ao norte do território, que entretanto se estendeu ao sul.

A guerra entre Israel e o Hamas fez pelo menos 23.084 mortos e quase 59.000 feridos até agora na Faixa de Gaza, na maioria civis, de acordo com o último balanço das autoridades locais, controladas pelo Hamas.

Artigos Relacionados

As 10 lições de Zaluzhny (I)

O poder não se mede em tanques ou mísseis: mede-se em espírito. A reflexão, com a assinatura do general Zaluzhny, tem uma conclusão tremenda: se a paz falhar, apenas aqueles que aprendem rápido sobreviverão. Nós, europeus aliados da Ucrânia, temos de nos apressar: só com um novo plano de mobilidade militar conseguiríamos responder em tempo eficaz a um cenário de uma confrontação direta com a Rússia.

Cuidados intensivos

Loucuras de Verão

Até porque os primeiros impulsos enganam. Que o diga o New York Times, obrigado a fazer uma correcção à foto de uma criança subnutrida nos braços da sua mãe. O nome é Mohammed Zakaria al-Mutawaq e, segundo a errata do jornal, nasceu com problemas neurológicos e musculares.