Infeciologista explicou que, na ausência de antibióticos e quando o organismo não consegue travar a disseminação da bactéria, em cerca de metade dos casos dá uma infeção fulminante e morte.
A peste bubónica, que matou milhões de pessoas na Idade Médica, quando não havia antibióticos ou vacinas, tem milhares de casos notificados todos os anos e é uma doença grave e fatal, sobretudo se a bactéria se espalhar no corpo humano.
Em declarações à Lusa a propósito dos casos reportados na China, o infeciologista Jaime Nina, do Instituto de Higiene e Medicina Tropical, explicou que, na ausência de antibióticos e quando uma pessoa é infetada e o organismo não consegue travar a disseminação da bactéria, em cerca de metade dos casos dá uma infeção fulminante e morte.
O especialista frisou que a doença só se transmite entre animais, pela pulga de roedores, como ratos selvagens.
É uma doença endémica, ou seja, existe regularmente em várias partes do mundo, como a Ásia Central, Sul da Rússia, China Ocidental, Irão, e também no México, no sudoeste dos Estados Unidos e em certas zonas de África.
Segundo Jaime Nina, nos últimos 10 anos, dois terços a três quartos dos casos são notificados em Madagáscar: "É o foco mais ativo da peste".
"Os casos notificados são sempre a pontinha do iceberg, sobretudo se for no interior de África, ou na Ásia Central", sublinhou o infeciologista, explicando que a doença é transmitida pela picada da pulga dos ratos selvagens e que, quando esta, por qualquer motivo, passa para o rato doméstico e se multiplica, acaba por ser mais perigosa pois estes vivem perto do homem.
"Se picar homem pode transmitir a peste. (...) Fora das epidemias, a peste bubónica é a forma mais frequente de peste", disse Jaime Nina, explicando que o nome se deve ao facto de a doença fazer um bubão. "O gânglio linfático da zona que drena o sítio da picada incha muito e faz uma espécie de abcesso".
Os sintomas são a febre alta, a "sensação de morte iminente" e a doença é "rapidamente progressiva".
O "bubão é uma resposta do organismo, que tenta defender-se e evitar que a bactéria consiga passar e espalhar-se. Se o nosso sistema imunitário ganhar a batalha, a pouco e pouco a pessoa melhora e terá depois um período de convalescença prolongada, que pode ir até aos dois meses", explicou.
Contudo, em cerca de metade dos casos, o bubão não consegue suster a disseminação da bactéria, acontece uma infeção fulminante e a pessoa pode morrer.
Quanto à possibilidade de transmissão pessoa a pessoa, Jaime Nina explicou que ela apenas poderá acontecer quando o bubão não trava a bactéria e esta se espalha pelo sangue, atingindo o pulmão e dando origem a uma peste pneumónica. Aí, "se o doente sobreviver tempo suficiente, pode transmitir-se pela tosse".
Esta peste pneumónica "é extraordinariamente grave e tem uma mortalidade de praticamente 100%", acrescentou.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou hoje que está a vigiar de perto os casos de peste bubónica detetados na China e na Mongólia, enfatizando que a situação não representa uma grande ameaça e está "bem administrada".
"No momento, não consideramos que seja de risco elevado, mas estamos a vigiar de perto" a situação em parceria com as autoridades chinesas e mongóis, disse a porta-voz da OMS, Margaret Harris, numa conferência de imprensa em Genebra.
"A peste bubónica esteve e está connosco há séculos", disse Margaret Harris.
Milhares de casos notificados todos os anos de peste bubónica
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