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Menina de 12 anos violada por rapazes de 13 em França. Chamaram-lhe "judia suja"

Leonor Riso
Leonor Riso 20 de junho de 2024 às 09:41
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Menina de 12 anos foi injuriada por ser judia e violada por dois jovens de 13 anos. Crime suscitou várias reações políticas da esquerda à direita, em plena campanha eleitoral.

Uma rapariga de 12 anos foi violada por dois rapazes de 13 anos e insultada por ser judia em Courbevoie, França. Segundo a denúncia feita pela jovem, a violação e as agressões que sofreu foram filmadas por um terceiro rapaz, também de 12 anos. O crime já suscitou várias reações políticas em plena campanha eleitoral em França.

De acordo com a imprensa francesa, tudo aconteceu no dia 15 de junho, quando a rapariga regressava a casa após um passeio com um amigo. Este deixou-a junto à porta quando a vítima foi abordada por dois rapazes. Conhecia um deles.

À força, levaram-na para um local abandonado perto de casa, onde chegou um terceiro rapaz. Durante duas horas, a jovem foi injuriada, agredida e violada. Os rapazes questionaram-na sobre a sua religião e sobre Israel, chamando-lhe "judia suja". Com um isqueiro, ameaçaram queimá-la.

A rapariga de 12 anos foi forçada a penetração anal e vaginal e sexo oral enquanto ouvia ameaças de morte e comentários antissemitas.

Acompanhada pelos pais, a rapariga denunciou o sucedido à polícia. Segundo a televisão BFM, contou que os agressores reclamaram o pagamento de €200 para "não fazerem mal à sua família" e a mãe da jovem recebeu mesmo uma mensagem em como a filha estava retida pelos rapazes.

A violação foi confirmada pelos exames médicos à vítima. Os dois suspeitos de 13 anos foram acusados de violação, agressão sexual em grupo, atentado à intimidade da vida privada por filmar imagens de caráter sexual, ameaças de morte e injúrias relacionadas com a religião. O jovem de 12 anos que gravou o sucedido está acusado de todos os crimes acima, menos de violação.

Em primeiro interrogatório, os jovens lamentaram o que aconteceu à vítima, mas não abordaram o seu envolvimento no caso.

REUTERS/Dylan Martinez

Reações políticas sucedem-se

O caso tem marcado a campanha eleitoral em França. Emmanuel Macron, presidente francês, abordou o caso em Conselho de Ministros, tendo feito um discurso contra o antissemitismo e propôs uma discussão nas escolas sobre comportamentos racistas e antissemitas.

Jean-Luc Mélenchon, do movimento de esquerda A França Insubmissa, diz-se "horrorizado por esta violação em Courbevoie e tudo o que revela relacionado com o condicionamento dos comportamentos masculinos criminais desde jovens e o racismo antissemita".

Marine Tondelier, dos Ecologistas franceses, considerou que "o antissemitismo, a violência contra as mulheres, são as feridas abertas da nossa sociedade". Fabien Roussel, do Partido Comunista francês, denunciou "o crime atroz que nos recorda mais uma vez que o antissemitismo é a gangrena da nossa sociedade e está a aumentar perigosamente".

Marine Le Pen, do partido de extrema-direita Reagrupamento Nacional, apelou a que não se votasse na esquerda. "A agressão antissemita e a violação de uma criança de 12 anos (...) revoltam-nos", afirmou, criticando "a estigmatização dos judeus há meses pela extrema-esquerda através da instrumentalização do conflito israelo-palestiniano". 

Esta quarta-feira, 19, várias pessoas denunciaram a violação durante um protesto frente à Câmara Municipal de Paris. "Uma criança foi violada. Segunda coisa, parece que foi cometido por outras crianças. Por isso questionamo-nos que educação tiveram", relatou em lágrimas Anna, uma das manifestantes, à rádio Europe 1.

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