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Marcelo responde a Trump? "Precisamos mais, e não menos, das Nações Unidas"

24 de setembro de 2019 às 23:04
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Para o Presidente português, é fundamental aprender com o fracasso da Liga das Nações, que não evitou a II Guerra Mundial, porque"ninguém é uma ilha"

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, foi um dos Chefes de Estado e de Governo que discursaram, esta terça-feira, durante a  74.ª sessão da Assembleia-Geral da ONU. A preleção do Chefe de Estado português ocorreu poucas horas depois do discurso do homólogo norte-americano, Donald Trump – e, propositada ou inadvertidamente, as ideias deixadas por Marcelo pareceram ser uma resposta à postura protecionista e isolada do líder da Casa Branca.

Para Marcelo, é fundamental aprender com o fracasso da Liga das Nações, que não evitou a II Guerra Mundial, porque"ninguém é uma ilha". No seu discurso, o Presidente lembrou o afastamento dos EUA  e a entrada tardia da União Soviética para a Liga das Nações, de que aquela organização "nunca recuperou", vendo crescer "lideranças hipernacionalistas, xenófobas isolacionistas e unilateralistas".

"Sabemos onde foi parar o mundo, porque há precisamente 80 anos começava a II Guerra Mundial. O que era a promessa de há cem anos convertia-se numa hecatombe, 20 anos após. Vale a pena parar um minuto para retirar as lições desse passado ainda próximo, agora que estamos a entrar nos 75 anos de vida das Nações Unidas", afirmou.

Marcelo Rebelo de Sousa, que falou em português, reforçou esta mensagem no final da sua intervenção neste debate geral da 74.ª Assembleia Geral da ONU, em inglês: "Só aqueles que não conhecem a História e, por isso, não se importam de repetir os erros do passado, minimizam ou relativizam o papel das Nações Unidas".

"Nesta sala, felizmente, somos todos patriotas. Porque amamos as nossas terras, e desejamos. E o melhor não é ignorar o mundo em que vivemos, e em que dependemos. Nós, patriotas, nós sabemos que precisamos de mais, e não de menos, Nações Unidas", acrescentou. Antes, Trump dissera que "o futuro não pertence aos globalistas, mas aos patriotas".

Marcelo Rebelo de Sousa contrapôs que os líderes devem ser "não só multilateralistas", como "verdadeiros patriotas das nossas próprias pátrias".

"Ser-se patriota é ter-se orgulho no passado, é ter-se orgulho nas raízes, é ter-se orgulho na História própria, mas é também ter-se a exata noção de que o mundo é como é, e de que os outros têm direito a ter orgulho nas suas próprias pátria. E que o mundo, onde não há ilhas, é fruto do diálogo do encontro, da permanente conjugação entre o espírito patriótico de todos e cada um de nós", defendeu.

As 10 lições de Zaluzhny (I)

O poder não se mede em tanques ou mísseis: mede-se em espírito. A reflexão, com a assinatura do general Zaluzhny, tem uma conclusão tremenda: se a paz falhar, apenas aqueles que aprendem rápido sobreviverão. Nós, europeus aliados da Ucrânia, temos de nos apressar: só com um novo plano de mobilidade militar conseguiríamos responder em tempo eficaz a um cenário de uma confrontação direta com a Rússia.