Medo de retaliações por parte dos governos impede estudantes do Egito e do Líbano a manifestarem-se publicamente, ao contrário do que acontece nas universidades americanas e francesas.
Estudantes dos Estados Unidos e Paris têm protestado contra a guerra em Gaza em manifestações de dimensões cada vez maiores. Palestinianos agradecem esforços, mas lamentam que os protestos não se estendam a países árabes e outros aliados do estado liderado pelo Hamas. Especialistas lembram que consequências são muito diferentes para estudantes em países autocráticos.
Centenas de estudantes pró-Palestina têm-se manifestado esta semana em campus universitários do Ocidente, principalmente nos Estados Unidos e em Paris. Acusam Israel de estar a levar a cabo um genocídio na Faixa de Gaza e apelam a um cessar-fogo imediato e que sejam aplicadas sanções contra o estado judaico. Em mais do que uma situação a polícia foi chamada a intervir. À Reuters, vários palestinianos mostram-se agradados com estes protestos e restantes demonstrações de apoio, ao mesmo tempo que lamentam que habitantes de países árabes tidos como aliados da Palestina não demonstrem publicamente esse apoio. "Seguimos os protestos nas redes sociais e assistimos com admiração mas, ao mesmo tempo, com tristeza", disse à Reuters Ahmed Rezik, de 44 anos e pai de cinco crianças que estão refugiadas em Rafah, Gaza. "Estamos tristes por esses protestos não estarem a acontecer também em países árabes e muçulmanos", elucida.
Esta segunda-feira, um grupo de estudantes colocou tendas dentro do campus da Universidade Sorbonne Panthéon, em Paris, mas as autoridades acabaram por retirá-las. Cerca de duas horas depois da entrada destes estudantes, a polícia obrigou o grupo a desmobilizar e os protestos passaram para o lado de fora do edifício. Algo semelhante aconteceu com os alunos pró-Palestina do Institut d'Études Politiques de Paris (também conhecido como Sciences Po). No seguimento destas mobilizações nestas duas universidades históricas francesas, o governo teme que o movimento de estudantes que começou nos Estados Unidos se alastre em França, à medida que o ano académico se aproxima do fim.
Esta semana, nos Estados Unidos, foram várias as situações em que manifestantes pró-Palestina, contra-manifestantes e a polícia entraram em confronto. Durante a semana, várias crianças e adolescentes de Gaza mostraram cartazes onde agradeciam o apoio demonstrado pelos estudantes da universidade de Columbia, cujos protestos foram parados pela polícia que já deteve mais de duas mil pessoas. Mas enquanto os estudantes das principais universidades norte-americanas arriscam expulsão ou serem temporariamente detidos, os riscos são bastante mais assustadores em alguns dos países aliados da Palestina, relembra a Reuters.
O medo de uma resposta musculada por parte dos governos autocráticos que lideram os principais aliados palestinianos pode ser um dos motivos que impede os mais jovens de protestarem nestes país. Mas a verdade é que um pouco por todo o mundo árabe, populares têm mostrado o seu apoio a Gaza, incluindo no Iémen, Marrocos ou Iraque, mas nunca de forma organizada.
Mas a falta de demonstração pública de apoio por parte dos estudantes em países árabes começa a pesar junto da opinião pública em Gaza, refere a agência noticiosa. "Apelo aos estudantes árabes que façam aquilo que os americanos fizeram. Eles deviam estar a fazer mais por nós do que os americanos", diz Suha al-Kafarna, refugiada que teve de fugir do norte de Gaza.
No Egito os protestos públicos foram proibidos por decreto presidencial já que as autoridades temem que as manifestações contra Israel possam mais tarde virar-se contra o governo do Cairo, liderado por Abdel Fattah al-Sisi, depois de em outubro alguns gritos de ordem em manifestações espontâneas se terem transformado em gritos antigovernamentais, tendo resultado em detenções. "Não se pode olhar para a falta de grandes protestos públicos contra a guerra e a reação silenciosa nas ruas egípcias sem pensarmos no contexto mais amplo de repressão a todas as formas de protesto e reunião pública", disse Hossam Bahgat, chefe da Iniciativa Egípcia para os Direitos Humanos.
"Ser preso aqui não é nada como ser preso nos EUA. É completamente diferente", disse um jovem estudante no Cairo, acrescentando que havia "o factor do medo" que impedia muitos de saírem às ruas.
O mesmo sentimento de medo sente-se em Beirute, no Líbano, onde jovens estudantes têm até medo de falar sobre a hipótese de se manifestarem. "O mundo árabe não está a reagir como a Columbia ou a Brown (universidades dos EUA) porque não se pode dar ao luxo de o fazer", disse Makram Rabah, professor de história na Universidade Americana de Beirute, à Reuters. "A dinâmica do poder e a forma como se muda a perceção pública são simplesmente diferentes no mundo árabe em comparação com os EUA", acrescentou.
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