É a mulher mais rica de África, controlou a empresa mais importante do estado angolano durante anos, mas não é especialmente hábil com contas. Quem o confessou foi a própria Isabel dos Santos durante uma audiência no processo de arbitragem internacional em que a empresa brasileira Oi, que em 2015 ficou com a posição da PT na Unitel SA (empresa pública angolana de comunicação), acusa os seus sócios angolanos de lhe bloquearem dividendos num valor aproximado de 600 milhões de euros.
A Oi acusa ainda os sócios angolanos de a terem afastado da gestão da operadora móvel e de terem realizado uma série de operações lesivas dos interesses da companhia, em benefício da filha do ex-presidente de Angola José Eduardo dos Santos.
A Oi pede então uma indemnização de 2,700 milhões de euros à Vidatel (empresa de Isabel dos Santos, à Geni (do general Leopoldino do Nascimento) e à Mercury (da Sonangol) no processo em curso na Câmara de Comércio Internacional de Paris, informa o jornal Público, citando as transcrições dos depoimentos prestados em Fevereiro.
De acordo com as transcrições, Isabel dos Santos terá várias vezes respondido às questões que lhe eram colocadas sobre o assunto com "não sei" e "não me lembro". Justificou o seu alegado desconhecimento sobre o assunto com frases como "não sou boa com datas", "não sei os detalhes, os contratos foram preparados por advogados" ou mesmo "o meu forte não são as contas".
A empresária que, segundo a Forbes, tem uma fortuna avaliada em 2.600 milhões de euros respondeu que o seu forte não eram as contas quando o advogado da PTV lhe perguntou se por acaso sabia como se calculou o valor da comissão de gestão de cerca de 155 milhões de dólares que a Unitel SA se comprometeu a pagar à Tokeyna, em 2013. "Sou engenheira e a maior parte das minhas contribuições passou pelo desenho técnico da rede ou pelo marketing. Os termos financeiros não foram uma contribuição minha. Não sei", disse a filha de José Eduardo dos Santos.
Segundo Isabel dos Santos os acordos com a Tokeyna serviram a necessidade de a Unitel SA ter uma empresa "fora de Angola" para tratar de assuntos operacionais,
explica o jornal diário.