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Irão admite ter abatido avião ucraniano e reconhece "erro imperdoável"

11 de janeiro de 2020 às 08:17
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O presidente iraniano afirmou que o país "lamentava profundamente" ter abatido um avião civil ucraniano, sublinhando tratar-se de "uma grande tragédia".

O Irão admitiu hoje que o avião ucraniano que se despenhou na quarta-feira em Teerão, matando todas as 176 pessoas a bordo, foi abatido inadvertidamente por militares iranianos, noticiou a televisão estatal. O presidente do Irão afirmou que o país "lamentava profundamente" ter abatido um avião civil ucraniano, sublinhando tratar-se de "uma grande tragédia e um erro imperdoável".

Até aqui, o Irão tinha negado que um míssil fosse responsável pelo acidente.

"O inquérito interno das forças armadas concluiu que lamentavelmente mísseis lançados por engano provocaram a queda do avião ucraniano e a morte de 176 inocentes", admitiu Hassan Rohani, numa mensagem divulgada na rede social Twitter.

"As investigações continuam para identificar e levar à justiça" os responsáveis, acrescentou.

Também o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano apresentou "as desculpas" do país pela catástrofe do Boeing 737 da companhia Ukrainian Airlines, depois de as forças armadas terem igualmente reconhecido que o avião foi abatido por erro.

"Dia triste", escreveu Mohammmad Javad Zarif no Twitter. Um "erro humano em tempos de crise causada pelo aventureirismo norte-americano levaram ao desastre, acrescentou.

"O nosso profundo arrependimento, desculpa e condolências ao nosso povo, às famílias das vítimas e às outras nações afetadas" pelo drama, disse o ministro.

O Estado-maior das forças armadas do Irão garantiu à população do país que "o responsável" pela tragédia do Boeing ucraniano abatido na quinta-feira nos arredores de Teerão, vai ser imediatamente apresentado à justiça militar.

"Garantimos que ao realizar reformas fundamentais nos processos operacionais ao nível das forças armadas, vamos tornar impossível a repetição de tais erros", acrescentou, em comunicado.

Presidente ucraniano pede ao Irão justiça e indemnizações

O presidente da Ucrânia exigiu hoje a punição dos responsáveis pelo abate de um avião ucraniano com 176 pessoas a bordo e o pagamento de indemnizações por parte do Irão, que reconheceu ter abatido o aparelho por engano.

"A manhã trouxe a verdade. A Ucrânia insiste num pleno reconhecimento de culpa. Esperamos do Irão que leve os culpados à justiça, devolva os corpos, pague uma indemnização e publique um pedido de desculpas oficial", escreveu Volodymyr Zelensky na sua conta do Twitter.

"A investigação tem de ser completa, aberta e deve continuar sem atrasos ou obstáculos", acrescentou.

Também o primeiro-ministro do Canadá, país de origem de dezenas dos passageiros mortos na queda do avião, exigiu hoje "transparência" na realização de um "inquérito completo e aprofundado" para apurar responsabilidades.

"A nossa prioridade continua a ser esclarecer este caso num espírito de transparência e justiça", afirmou Justin Trudeau, em comunicado.

"Esta é uma tragédia nacional e todos os canadianos estão de luto. Vamos continuar a trabalhar com os nossos parceiros em todo o mundo para garantir a realização de um inquérito completo e aprofundado", afirmou.

Trudeau acrescentou que "o Governo do Canadá espera a plena colaboração das autoridades iranianas".

Líder supremo iraniano ordena investigação às causas do abate

O líder supremo do Irão, o 'ayatollah' Ali Khamenei, ordenou hoje às forças armadas do país que investiguem as "prováveis falhas" que levaram ao abate acidental de um avião com 176 pessoas a bordo.

Num comunicado publicado hoje na sua página eletrónica, o guia supremo pede às autoridades do país que façam o que for necessário para "evitar a repetição de um acidente semelhante".

Segundo a agência Fars, Khamenei foi informado na sexta-feira de que a queda do Boeing 737 da Ukraine International Airlines tinha sido provocado por um "erro humano" e ordenou a publicação da verdade.

Hoje, o 'ayatollah' exprimiu os seus "profundos sentimentos" às famílias das 176 vítimas e apelou às forças armadas que "investiguem as prováveis falhas e culpas no doloroso incidente".

O aparelho, com destino a Kiev, transportava 167 passageiros e nove tripulantes de várias nacionalidades, incluindo 82 iranianos, 57 canadianos, 11 ucranianos, dez suecos, quatro afegãos, três alemães e três britânicos.