Sábado – Pense por si

Filho do porta-voz do Kremlin diz que combateu seis meses na Ucrânia

Nikolai Peskov contou que esteve integrado no grupo de mercenários Wagner como artilheiro. Em setembro, era notícia por tentar escapar à mobilização militar para a guerra.

O filho de Dmitry Peskov, o porta-voz de Vladimir Putin, disse numa entrevista ter combatido na Ucrânia incluindo no grupo Wagner. A entrevista foi publicada no sábado peloKomsomolskaya Pravda, refere a Reuters, e surge sete meses depois depois de o jovem ter sido filmado aadmitir que não contava participar do conflito.

Nikolai Peskov, de 33 anos, admitiu agora ter combatido como artilheiro, naquela que foi uma raras assunções públicas do filho de um oficial sénior a ter combatido na guerra. "A iniciativa foi minha. Achei que era o meu dever", afirmou o filho do porta-voz do Kremlin desde 2008. Contou na entrevista que esteve na frente de combate pouco menos de seis meses e combateu sob um nome falso, para proteger a sua identidade. Acrescenta, na entrevista, ter recebido uma medalha por bravura.

Em setembro do ano passado, Nikolai era notícia por usar o nome do pai para se tentar livrar da chamada militar para combater. Numa falsa chamada para ir fazer os exames médicos, respondeu: "Tem de entender, se sabe que sou o Sr. Peskov, como é errado eu ir para lá. Vou lidar com isto a outro nível". Ao que tudo indica esta participação no conflito aconteceu depois desta chamada falsa ter sido divulgada publicamente.

Agora, questionado sobre o que pensa o seu pai deste serviço, Nikolai disse que ele estava "orgulhoso". "O meu pai disse-me que tinha tomado a decisão correta." 

Já o fundador do grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, partilhou que foi o pai, Dmitry Peskov, que o abordou sobre se poderia colocar o seu filho como artilheiro. "Um dos meus conhecidos, apenas um, Dmitry Sergeyvich Peskov, que já foi conhecido por ser um liberal, mandou o seu filho. Veio ter comigo e disse: 'Recebe-o como um simples artilheiro'", contou num vídeo partilhado no Telegram.

Nikolai Peskov nasceu em 1990 e nessa primeira década viveu em Inglaterra, tendo depois regressado à Rússia. Fez o seu serviço militar entre 2010 e 2012. Já o pai, Dmitry Peskov, trabalhou no Ministério dos Negócios Estrangeiros até chegar a porta-voz do Kremlin. Ele, a mulher e os dois filhos adultos (Nikolai e Elizaveta) integram o grupo de personalidades russas sancionadas pelos EUA na sequência da invasão da Ucrânia, a 24 de fevereiro de 2022.

A guerra russa na Ucrânia já é um dos mais mortíferos conflitos na Europa desde a Segunda Guerra Mundial. Estima-se que 354 mil soldados dos dois lados do conflito tenham morrido ou ficado feridos desde o início da guerra.

Artigos Relacionados

As 10 lições de Zaluzhny (I)

O poder não se mede em tanques ou mísseis: mede-se em espírito. A reflexão, com a assinatura do general Zaluzhny, tem uma conclusão tremenda: se a paz falhar, apenas aqueles que aprendem rápido sobreviverão. Nós, europeus aliados da Ucrânia, temos de nos apressar: só com um novo plano de mobilidade militar conseguiríamos responder em tempo eficaz a um cenário de uma confrontação direta com a Rússia.