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Feijóo propôs governo de apenas dois anos, mas Sánchez recusou

Diogo Barreto
Diogo Barreto 30 de agosto de 2023 às 15:08
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A situação política em Espanha continua num impasse, depois de Pedro Sánchez ter recusado a proposta apresentada pelo líder do partido mais votado nas últimas eleições.

Pedro Sánchez e Alberto Feijóo estiveram reunidos esta quarta-feira a discutir o futuro da formação do próximo governo espanhol. O líder do PP apresentou uma proposta para um executivo durante dois anos, com apoio parlamentar do PSOE, mas o líder socialista recusou. 

REUTERS/Juan Medina

A reunião, que começou pelas 10h de Espanha (9h em Portugal Continental), parecia condenada ao fracasso logo à partida, já que poucos acreditavam que Sánchez apoiaria qualquer proposta de Feijóo que passasse por criar um governo "centrista".

Segundo a imprensa espanhola, o líder do PP pediu a Sanchéz que aceitasse a sua investidura (marcada para 26 e 27 de setembro), oferecendo em troca uma promessa de eleições ao fim de dois anos de governo. Depois desse período, os espanhóis seriam de novo chamados a eleições. 

Feijóo venceu as legislativas de 23 de julho, mas não tem uma maioria e apoio no parlamento que lhe garanta a investidura como primeiro-ministro. O rei de Espanha indicou na semana passada Feijóo como candidato a primeiro-ministro, mas o PSOE tem dito que a investidura do líder do PP como primeiro-ministro pelo parlamento está "condenada ao fracasso" e assegura que, apesar de ter sido o segundo partido mais votado, tem condições para voltar a formar governo, com os votos dos deputados de uma 'geringonça' de forças de esquerda, extrema-esquerda, regionalistas, nacionalistas e independentistas.

Segundo o El Mundo, Feijóo propôs ainda a Sanchéz um governo composto por PP e PSOE baseado em pactos de Estado e que tivesse como objetivo reformar as instituições espanholas, mas que se opusesse aos movimentos independentistas. Feijóo terá ainda transmitido a Sanchéz que considera que deve ser o PP a formar governo já que foi o partido mais votado.

O presidente do PP disse que propôs a Sánchez "seis grandes pactos de Estado" e que os socialistas viabilizassem um governo dos populares para uma legislatura de dois anos, o tempo para pôr em marcha esses acordos.

Passados esses dois anos, o PP comprometia-se a convocar novas eleições, disse Feijóo, que afirmou ter proposto pactos para reformas que considera serem necessárias no país, relacionadas, entre outras áreas, com a sustentabilidade do serviço público de saúde, as pensões, a gestão da água, a reorganização de instituições como o Senado, "o saneamento" económico ou a independência do poder judicial.

Na conferência de imprensa que se seguiu ao fim da reunião, o líder do Partido Popular lamentou ainda que o "PSOE não tenha interesse numa investidura entre partidos constitucionalistas", mas prometeu que não irá desistir da ideia de "unir os principais partidos nacionais dos espanhóis para que consigam trabalhar nos interesses gerais do país".

Em relação aos partidos independentistas, Alberto Feijóo reforçou que obtiveram cerca de 6% dos votos e lamentou que possam vir a ser "uma condicionante da governabilidade de 94% da restante população". O líder do PP mostrou-se preocupado com a hipótese de Espanha poder ficar refém de um "independentismo que pede a rutura da nação, que pede uma amnistia e que pede um referendo de independência". Segundo Feijóo, o líder do PSOE, que é também o atual primeiro-ministro em funções, recusou esta proposta e "prefere fazer acordos com independentistas" e "negociar amnistias e referendos". 

O presidente do Partido Popular (PP) referia-se às exigências de forças políticas catalãs para a viabilização de um novo governo de esquerda em Espanha, relacionadas com os condenados e acusados pela justiça pela tentativa de autodeterminação da Catalunha de 2017, para quem pedem uma amnistia.

No domingo, em entrevista ao El Mundo, Feijóo defendeu que um acordo com o PSOE de Sánchez seria a "grande solução" para o caso espanhol, deixando mesmo a porta aberta para a entrada de ministros socialistas no seu governo. 

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