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FBI deteve juíza acusada de ter ajudado homem a escapar aos agentes da imigração

Hannah Dugan foi detida segundo o diretor do FBI por "enganar intencionalmente" os agentes federais. Imigrante acabou detido.

O FBI prendeu na sexta-feira uma juíza de Milwaukee acusada de ajudar um homem a fugir das autoridades de imigração, intensificando o conflito entre o governo Trump e o poder judiciário a propósito da repressão generalizada do presidente republicano à imigração.

AP Photo/Alex Brandon, File

O diretor do FBI, Kash Patel, anunciounas redes sociaisa prisão da juíza Hannah Dugan, do Tribunal Distrital do Condado de Milwaukee, que, segundo ele, "desviou intencionalmente" agentes federais de um homem que eles tentavam prender no tribunal na semana passada. "Felizmente, os nossos agentes perseguiram o criminoso a pé e ele está sob custódia desde então, mas a obstrução da juíza criou um risco acrescido para o público", escreveu Patel.

Dugan foi detida pelo FBI na manhã de sexta-feira no recinto do tribunal, de acordo com o porta-voz do Serviço de Marshals dos EUA, Brady McCarron. Foi presente perante o tribunal federal em Milwaukee na sexta-feira, antes de ser libertada. A próxima audiência está marcada para 15 de maio.

"A juíza Dugan lamenta sinceramente e protesta contra a sua detenção. Não foi feita no interesse da segurança pública", afirmou o seu advogado, Craig Mastantuono, durante a audiência. Após a audiência recusou tecer qualquer comentário à Associated Press.

Dugan é acusado de escoltar o homem, Eduardo Flores-Ruiz, e o seu advogado para fora do tribunal pela porta do júri a 18 de abril, como forma de ajudar a evitar a sua prisão, de acordo com um depoimento do FBI apresentado em tribunal.

A declaração juramentada cita o oficial do tribunal como tendo ouvido Dugan dizer palavras como "Espere, venha comigo", antes de conduzi-los para uma área não pública do tribunal. A ação foi incomum, diz a declaração juramentada, porque "apenas oficiais, jurados, funcionários do tribunal e réus sob custódia escoltados por oficiais usavam a porta das traseiras do júri. Advogados de defesa e réus que não estavam sob custódia nunca usavam a porta do júri".

Durante o primeiro mandato do presidente Donald Trump, o Departamento de Justiça acusou, em 2019, uma juíza de Massachusetts de obstrução da justiça, sob a alegação de que ela teria ajudado um homem que vivia ilegalmente nos EUA a fugir pela porta dos fundos de um tribunal para escapar de um agente de imigração que o aguardava.

A acusação de uma juíza no exercício das suas funções provocou indignação em muitos membros da comunidade jurídica, que criticaram o caso como sendo motivado por razões políticas. O processo contra a juíza Shelley Joseph, do distrito de Newton, foi arquivado em 2022, durante a administração democrata de Biden, depois de ela ter concordado em se submeter a uma agência estadual que investiga alegações de má conduta por parte de membros do tribunal.

A prisão de Dugan acontece no meio de uma crescente disputa entre o governo Trump e o poder judiciário sobre as políticas de imigração da Casa Branca. O Departamento de Justiça já havia sinalizado que iria reprimir as autoridades locais que impedissem os esforços federais de imigração.

Os documentos judiciais que detalham o caso contra Dugan não estiveram logo disponíveis, e o Departamento de Justiça não fez comentários esta sexta-feira. Uma pessoa que atendeu o telefone na sexta-feira no escritório de Dugan disse que não poderia comentar. A Associated Press deixou um e-mail e uma mensagem de voz na manhã de sexta-feira solicitando comentários do juiz-chefe do Tribunal do Condado de Milwaukee, Carl Ashley.

Em janeiro, o Departamento de Justiça ordenou que os procuradores investigassem possíveis acusações criminais contra funcionários estaduais e locais que obstruíssem ou impedissem funções federais. Como possíveis vias para a acusação, um memorando citou um crime de conspiração, bem como uma lei que proíbe o acolhimento de pessoas em situação ilegal no país.

Dugan foi eleita em 2016 para o tribunal distrital da 31.ª Vara. Já esteve também nas varas civil e sucessória do tribunal, de acordo com a sua biografia de candidata judicial.

Antes de ser eleita para um cargo público, Dugan exerceu advocacia na Legal Action of Wisconsin e na Legal Aid Society - duas sociedades de avdogados sem fins lucrativos que oferecem serviços jurídicos. Formou-se na Universidade de Wisconsin-Madison em 1981 com um bacharelato em artes e obteve o seu doutorado em direito em 1987 na mesma instituição.

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