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Falta de segurança levou oposição a suspender manifestações na Venezuela

Lusa 19:15
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Além de água, máscaras e kits de primeiros socorros, os opositores recomendam apagar as mensagens dos telemóveis e não fazer vídeos ou transmissões ao vivo que possam servir para identificar outras pessoas.

A falta de garantias de segurança e risco de detenções levaram a oposição venezuelana a desistir de realizar este sábado no país manifestações de apoio à liberdade e à líder opositora e prémio Nobel da Paz, Maria Corina Machado.

Protestos na Venezuela com manifestantes e confrontos
Oposição venezuelana protesta contra a falta de segurança e recomenda cautela
Protestos na Venezuela: manifestantes com equipamentos de proteção e bandeira nacional
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“Insistir em levar as pessoas para a rua, no momento atual, seria uma irresponsabilidade. São cada vez maiores os riscos associados a concentrações e protestos da oposição, em particular de confrontos com as forças de segurança e de detenções”, afirmou um simpatizante da oposição à agência Lusa.

Acrescentou que esses são os principais motivos que têm levado a oposição a não convocar manifestações dentro da Venezuela e recordou que “duas mil pessoas foram presas depois das presidenciais de julho de 2024”, em protestos contra os resultados que a oposição não reconhece e que mantiveram o Presidente, Nicolás Maduro, no poder.

“Estamos perto do Natal, fazer uma manifestação seria assegurar que mais pessoas iriam passar a quadra natalícia na prisão, com a angústia que isso representa e com o risco de que também alguns familiares dos presos políticos pudessem ser detidos”, disse.

Uma portuguesa que é presença frequente nas manifestações da oposição disse telefonicamente à Lusa que ir para a rua seria contraproducente quando “as forças do regime estão à espreita para parar a oposição de qualquer maneira”.

“Estou em casa. Aqui [na Venezuela] desistiram da convocatória, mas se houvesse marcha, apesar dos riscos, eu seria das primeiras a sair, porque quero ver a Venezuela livre”, disse.

Várias pessoas indicaram que mesmo sem marchas, os tempos atuais, de crescentes tensões com os Estados Unidos, aconselham medidas preventivas, tanto aos organizadores, como às pessoas e até aos jornalistas.

Em caso de anúncio de manifestações, é preciso confirmar se estão autorizadas, as ruas de acesso, de saída e pontos de assistência médica.

Também é necessário verificar se há registos de violência, confrontos, andar sempre em grupo e levar apenas fotocópias dos documentos de identificação, mantendo os originais em sítio seguro.

Além de água, máscaras e kits de primeiros socorros, os opositores recomendam apagar as mensagens dos telemóveis e não fazer vídeos ou transmissões ao vivo que possam servir para identificar outras pessoas.

Cerca de trinta países realizam hoje manifestações de apoio à liberdade na Venezuela, quando também vão celebrar e transformar o prémio Nobel da Paz atribuído a Maria Corina Machado num "megafone global" para a luta pela democracia.

“Enquanto o regime [venezuelano] tenta silenciar esta conquista dentro do país, a diáspora venezuelana será a força motriz para amplificar a mensagem em todo o mundo: a Venezuela continua viva, organizada e determinada”, afirmaram os organizadores num comunicado.

Frisaram que o Prémio Nobel da Paz “não é apenas um reconhecimento para Maria Corina Machado; é uma homenagem ao povo venezuelano que resistiu com coragem e esperança”, e demonstra que a liberdade na Venezuela “é uma causa universal”.

Os vários protestos acontecem quatro dias antes da cerimónia de entrega dos prémios Nobel, que no caso da opositora venezuelana María Corina Machado distinguiram o seu trabalho na promoção dos direitos democráticos do povo venezuelano e a sua luta por uma transição justa.

O portal elnobelesnuestro.com, que coordena as marchas convocadas para este sábado, indicou manifestações em França, Itália, Reino Unido, Austrália, Canadá, Brasil, Argentina, Peru e Colômbia, entre outros países. Estão ainda previstas manifestações em 24 cidades espanholas, incluindo Madrid e Barcelona.

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