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Extrema-direita convidada a formar governo na Áustria pela primeira vez desde II Guerra

Leonor Riso
Leonor Riso 06 de janeiro de 2025 às 14:38
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Herbert Kickl foi encarregado de formar governo, após a tentativa do Partido do Povo ter falhado.

Pela primeira vez desde a II Guerra Mundial, a extrema-direita foi convidada a formar governo na Áustria. O presidente austríaco Alexander Van der Bellen encarregou Herbert Kickl, líder do Partido da Liberdade (FPO), de formar um governo de coligação depois de uma tentativa que não envolvia o partido ter colapsado no fim de semana.

Segundo a agência noticiosa Reuters, o pedido foi feito por um presidente que chegou a liderar os Verdes, de esquerda, e que já chocou várias vezes com Kickl e criticou o FPO. Contudo, não lhe restavam muitas opções.

REUTERS/Leonhard Foeger

O FPO venceu as eleições de setembro com 29% dos votos. Agora, irá entrar em conversações com o seu único potencial parceiro de governo, os conservadores do Partido do Povo, que ficaram em segundo lugar nas eleições.

"Eu encarreguei-o de entrar em negociações com o Partido do Povo para formar governo", afirmou Van der Bellen num discurso transmitido na televisão. "Não tomei este passo de ânimo leve."

Vários manifestantes já criticaram a decisão do presidente da Áustria. Entre eles, estudantes judeus e ativistas de esquerda, que gritavam "Nazis fora" e empunhavam faixas onde se lia "Não queremos uma Áustria de extrema-direita".

O Partido do Povo está sem líder depois de Karl Nehammer se ter demitido, ao caírem os seus esforços de formar governo. O líder interino, Christian Stocker, afirmou que o partido ia entrar nas conversações. O seu antecessor tinha acusado Kickl de entrar em teorias da conspiração e de ser uma ameaça de segurança.

Se os dois partidos não formarem coligação, serão convocadas eleições antecipadas.

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