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Dezoito pessoas morreram por dia a tentar chegar a Espanha em 2023

Débora Calheiros Lourenço
Débora Calheiros Lourenço 10 de janeiro de 2024 às 23:01
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O relatório de uma ONG espanhola afirma que durante o ano passado 84 navios desapareceram enquanto tentavam chegar a às Ilhas Canárias.

Estima-se que morreram 18 pessoas por dia a tentar chegar às Ilhas Canárias durante o ano passado. Segunda a Caminando Fronteras um total de 6 618 pessoas morreram a tentar entrar na Europa por Espanha, 384 delas eram crianças.

Estes números tornam 2023 o ano mais mortal desde que a organização começou a acompanhar os fluxos migratórios em 2007, com os números de mortos a triplicarem quando comparados com 2022.

A rota de migração através das águas do Atlântico é uma das mais mortíferas do mundo, mas o número de migrantes que arriscam a sua vida nela tem aumentado à medida que a União Europeia aumenta o controlo fronteiriço no Mediterrânio. Assim sendo 2023 foi também o ano em que mais migrantes chegaram às ilhas espanholas, a maior parte deles à ilha de El Hierro, a mais ocidental do arquipélago e também a mais distante do continente africano.

Os dados foram avançados num relatório que inclui relatos de familiares de pessoas que morreram ou desapareceram e estatísticas oficiais de resgate. O relatório afirma que durante o ano passado 84 navios desapareceram enquanto tentavam chegar a terras espanholas, segundo a Caminando Fronteras: "A rota do Atlântico tornou-se a rota mais mortal do mundo". A rota que tradicionalmente era feita por homens começou, "no último trimestre de 2023", a incluir "mulheres e crianças muito pequenas": "Este é um desenvolvimento totalmente novo em comparação com a atividade anterior nesta rota".

O relatório garante que "em muitas das tragédias as operações de busca e salvamento não foram mobilizadas ou foram adiadas por tanto tempo que as vidas as pessoas foram colocadas em risco", apontado assim o dedo às autoridades espanholas.

Quase metade das vítimas eram do Senegal, país que tem vivido tempos conturbados pela agitação política, inflação e falta de alimentos devido ao esgotamento das populações de peixes.

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