Troca de críticas entre Jair Bolsonaro e João Dória ocorreu durante uma teleconferência sobre o combate ao novo coronavírus com governantes dos estados da região sudeste do Brasil.
O governador do estado de São Paulo repudiou, esta qurta-feira, a recomendação do presidente brasileiro contra o confinamento durante a pandemia de covid-19, enquanto Jair Bolsonaro o acusou de o atacar politicamente por ter pretensões à presidência.
A troca de críticas entre Jair Bolsonaro e João Dória ocorreu hoje durante uma teleconferência sobre o combate ao novo coronavírus com governantes dos estados da região sudeste do Brasil.
O governador do estado de São Paulo começou por criticar a mensagem, divulgada na terça-feira, na qual Bolsonaro defendeu que as pessoas deveriam retomar as suas atividades para não prejudicar a economia do país e que o isolamento deve ser cumprido apenas por aqueles que são dos grupos de risco, idosos e pessoas com problemas de saúde.
"Na condição de cidadão, de brasileiro, e também de governador, inicio lamentando os termos do seu pronunciamento à nação. O senhor, como Presidente da República, tem que dar o exemplo. Tem que ser mandatário para comandar, para dirigir, liderar o país, e não para dividir", afirmou João Dória.
O governador 'paulista' também declarou estar preocupado com a vida de brasileiros com a preservação dos empregos, com confisco de respiradores para unidades de terapia intensiva e afirmou fazer o mínimo necessário para que a economia possa manter-se ativa durante a quarentena no estado, que começou esta terça-feira.
Bolsonaro, por sua vez, respondeu dizendo que a posição de Dória era "completamente diferente e dissociada das eleições em 2018", acusando o governador de se ter "apoderado" do seu nome para ser eleito.
"Acabou as eleições, como fizeste com dois no passado, que se elegeram para a prefeitura, vira as costas e começa a atacar covardemente aquele que emprestou o seu nome para a tua campanha e não de forma voluntária", acrescentou o Presidente brasileiro, referindo-se ao 'slogan' 'Bolso-Doria', criado por Doria para conquistar eleitores conservadores.
Bolsonaro também declarou que o governador 'paulista' deveria guardar as suas opiniões porque as próximas eleições só acontecerão em 2022.
"Nós aqui temos responsabilidade. Desde o final das eleições de 2018 vossa excelência assumiu uma postura completamente diferente daquele que teve comigo até por ocasião do meu pronunciamento. Subiu à sua cabeça a possibilidade de ser o Presidente da República. Não tem responsabilidade e nem tem altura para criticar o Governo", afirmou Bolsonaro.
São Paulo, o estado mais rico e populoso do Brasil, é o epicentro do novo coronavírus no país, com 40 mortes confirmadas até agora.
Depois da reunião, Dória usou as redes sociais para dizer que a posição de Bolsonaro foi "dececionante".
"Recebi como resposta um ataque descontrolado do Presidente. Ao invés de discutir medidas para salvar vidas, preferiu falar sobre política e eleições. Lamentável e preocupante. Mais do que nunca precisamos de união, serenidade e equilíbrio para proteger vidas e preservar empregos", escreveu Dória no Twitter.
"Dececionante a postura do Presidente @jairbolsonaro na reunião que tivemos há pouco com governadores do sudeste para tratar sobre o combate ao coronavírus", completou.
O governador informou, de seguida, numa conferência de imprensa sobre o novo coronavírus, que todos os governadores do país farão uma teleconferência hoje para discutir medidas para combater a covid-19 e um posicionamento sobre o discurso do Presidente brasileiro.
O Brasil ultrapassou os dois mil casos confirmados da covid-19, com 2.201 infetados e 46 mortos, de acordo com dados do Ministério da Saúde divulgados esta terça-feira.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou perto de 428 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 19.000.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
Covid-19: Bolsonaro discute com governador de São Paulo, seu antigo aliado
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