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A reação surge num momento em que ambos os países manifestam otimismo sobre a possibilidade de estabilizar as relações comerciais, após terem recuado nas tarifas elevadas e nas restrições comerciais mais duras.
Estados Unidos e China poderão chegar a acordo em várias áreas para evitar tarifas punitivas, mas continuam afastados numa questão central: a exigência de Washington para que Pequim deixe de comprar petróleo ao Irão e à Rússia.
Saul Loeb/Pool Photo via AP, File
"A China vai sempre assegurar o seu fornecimento energético de acordo com os seus interesses nacionais", publicou na quarta-feira o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês na rede social X, após dois dias de negociações comerciais em Estocolmo e na sequência da ameaça norte-americana de uma tarifa de 100%.
"A coerção e a pressão não terão qualquer efeito. A China vai defender firmemente a sua soberania, segurança e interesses de desenvolvimento", acrescentou.
A reação surge num momento em que ambos os países manifestam otimismo sobre a possibilidade de estabilizar as relações comerciais, após terem recuado nas tarifas elevadas e nas restrições comerciais mais duras.
A posição de Pequim, no entanto, salvaguardou pontos inegociáveis nas discussões com a Administração de Donald Trump, sobretudo quando o comércio é associado às políticas energética e externa chinesas.
O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, disse aos jornalistas, após as conversações, que, no que toca às compras de petróleo russo, "os chineses levam a sua soberania muito a sério".
"Não queremos interferir na sua soberania, por isso eles preferem pagar uma tarifa de 100%", afirmou, acrescentando que considera os negociadores chineses "duros", mas que isso não travou as negociações. "Acredito que temos as bases para um acordo", disse, em entrevista à CNBC.
O consultor Gabriel Wildau, diretor-geral da Teneo, considerou improvável que Trump avance, de facto, com a tarifa de 100%, já que tal "provavelmente destruiria todo o progresso recente e acabaria com qualquer hipótese" de um anúncio de acordo comercial numa eventual reunião entre Trump e o Presidente chinês, Xi Jinping, prevista para o outono.
Os EUA querem restringir as vendas de petróleo da Rússia e do Irão, fontes de receita fundamentais para os dois países, e assim tentar reduzir o financiamento dos respetivos orçamentos militares, num momento em que Moscovo continua a guerra na Ucrânia e Teerão apoia grupos armados no Médio Oriente.
Em abril, quando Trump apresentou um vasto plano de tarifas a impor a dezenas de países, a China foi o único país a retaliar, recusando ceder à pressão norte-americana. "Se os EUA insistirem em impor tarifas, a China lutará até ao fim", disse Tu Xinquan, diretor do Instituto de Estudos da OMC na Universidade de Negócios e Economia Internacionais, em Pequim.
Tu acrescentou que Pequim poderá suspeitar que os EUA não irão cumprir a ameaça, questionando a prioridade dada por Trump ao combate à Rússia.
Scott Kennedy, conselheiro sénior do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, em Washington, afirmou que Pequim dificilmente alterará a sua postura enquanto identificar incoerências na política externa dos EUA em relação à Rússia e ao Irão. Kennedy disse também que Pequim poderá tentar usar a questão como instrumento de negociação para obter mais concessões de Trump.
Para Danny Russel, investigador do Asia Society Policy Institute, Pequim vê-se agora como "quem tem as cartas na mão" na disputa com Washington. "Trump deixou claro que quer um acordo de grande impacto mediático com Xi, por isso rejeitar a exigência dos EUA para parar as compras de petróleo ao Irão e à Rússia provavelmente não será visto como um obstáculo ao acordo, mesmo que cause atritos e atrasos", sublinhou.
A manutenção das compras de petróleo russo garante a Xi "solidariedade estratégica" com o Presidente russo, Vladimir Putin, e reduz significativamente os custos para a economia chinesa, acrescentou Russel. "Pequim não pode abdicar do petróleo da Rússia e do Irão, que está a ser comprado a preços de saldo", explicou.
Segundo a Administração de Informação Energética dos EUA, entre 80% e 90% do petróleo exportado pelo Irão em 2024 teve como destino a China, que importa mais de um milhão de barris por dia. Pequim é também um dos principais clientes de Moscovo, a seguir à Índia, com as importações de crude russo a subirem em abril 20% face ao mês anterior, para mais de 1,3 milhões de barris diários, segundo o KSE Institute, ligado à Kyiv School of Economics.
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