Os serviços de segurança ucranianos afirmaram que um míssil russo Kh-101 Kalibr atingiu o hospital e que foram encontradas provas no local. Já os russos negam envolvimento, argumentando que não realizam ataques a alvos civis.
O ataque letal ao maior hospital pediátrico de Kiev foi provavelmente causado pelo impacto direto de um míssil russo, afirmou nesta terça-feira a chefe da missão de monitorização dos direitos humanos da ONU para a Ucrânia.
REUTERS/Thomas Peter
"A análise das imagens de vídeo e a avaliação feita no local do incidente indicam que é muito provável que o hospital pediátrico tenha sido atingido diretamente e não por um sistema de armas intercetado", disse Danielle Bell, chefe da Missão de Observação dos Direitos Humanos da ONU para a Ucrânia, numa conferência de imprensa em Genebra.
Um hospital pediátrico de Kiev foi bombardeado em plena luz do dia na segunda-feira, dia 8, e outros mísseis atingiram outras cidades da Ucrânia, ataques que fizeram pelo menos 41 mortos, dos quais três crianças, e 170 feridos, tendo sido a vaga mais mortífera de ataques aéreos nos últimos tempos.
Moscovo já veio afirmar que o fogo anti-míssil ucraniano atingiu o hospital pediátrico em Kiev e não se tratou de um míssil russo. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, não forneceu provas para apoiar a afirmação, mas disse aos jornalistas: "Insisto, não realizamos ataques a alvos civis". "Peço-vos que se guiem pelas declarações do Ministério da Defesa russo, que exclui absolutamente a possibilidade de ter havido ataques a alvos civis e que afirma que estamos a falar de um sistema anti-míssil em queda", disse. "Os ataques são efetuados contra instalações de infraestruturas críticas ou contra alvos militares que estão, de uma forma ou de outra, relacionados com o potencial militar do regime."
Já os serviços de segurança ucranianos mencionaram que um míssil russo Kh-101 Kalibr atingiu o hospital e que foram encontradas provas disso no local, como fragmentos da parte traseira do míssil com um número de série e uma parte do sistema de orientação.
Um dos piores ataques desde o início da guerra
O presidente da Câmara de Kiev, Vitali Klitschko, disse que este ataque foi um dos maiores da guerra, causando danos em sete bairros da cidade. O ministro da Saúde afirmou que cinco unidades do hospital pediátrico foram danificadas e que os funcionários tinham transferido as crianças para um bunker na segunda-feira de manhã, quando soaram as sirenes dos ataques aéreos.
O centro tratava crianças com doenças graves, como cancro e doenças renais, e teria cerca de 670 crianças doentes e mil funcionários na altura do ataque.
O presidente ucraniano escreveu no Telegram que mais de 100 edifícios tinham sido danificados, incluindo o hospital pediátrico e uma maternidade, infantários, um centro de negócios e casas. "Os terroristas russos têm de responder por isto", defendeu Volodymyr Zelensky. "Estar preocupado não impede o terror. As condolências não são uma arma."
O governo ucraniano proclamou um dia de luto para assinalar um dos piores ataques aéreos desde o início da invasão russa, em fevereiro de 2022. Para o governo, este ataque prova que a Ucrânia precisa urgentemente que os seus aliados ocidentais ajudem na atualização das suas defesas áreas, que abateram 30 dos 38 mísseis.
Já na região de Dnipropetrovsk, foi confirmada a morte de 11 pessoas e 68 ficaram feridas, segundo as autoridades regionais. Três pessoas foram mortas na cidade oriental de Pokrovsk, onde os mísseis atingiram uma instalação industrial.
Zelensky, numa conferência de imprensa em Varsóvia, juntamente com o primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, apelou aos aliados ocidentais para que dessem uma resposta firme: "Vamos retaliar contra estas pessoas, vamos dar uma resposta forte da nossa parte à Rússia, com certeza. A questão que se coloca aos nossos parceiros é: Podem responder?"
Também o ministro da defesa ucraniano, Rustem Umerov, afirmou que o país ainda não dispõe de defesas aéreas suficientes e instou os aliados de Kiev a fornecerem prontamente mais sistemas para proteger as cidades dos ataques russos.
Já o representante da Força Aérea, Yuri Ignat, referiu que se tornou mais difícil repelir os ataques russos, uma vez que as forças de Moscovo continuaram a melhorar as suas táticas de bombardeamento.
O ataque ocorreu um dia antes de os líderes dos países da NATO iniciarem uma cimeira de três dias, em que a guerra na Ucrânia é um dos temas principais.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, já veio referir que os ataques com mísseis mortais de Moscovo na Ucrânia, incluindo no hospital pediátrico de Kiev, são "uma recordação horrível da brutalidade da Rússia", acrescentando que Washington e os seus aliados da NATO vão anunciar novas medidas para reforçar as defesas aéreas da Ucrânia.
O Conselho de Segurança das Nações Unidas irá reunir-se hoje de emergência a pedido da Grã-Bretanha, França, Equador, Eslovénia e Estados Unidos, segundo os diplomatas.
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O humor deve ser provocador, desafiar convenções e questionar poderes. É um pilar saudável da liberdade de expressão. Mas quando deixa de ser crítica legítima e se transforma num ataque reiterado e desproporcional, com efeitos concretos e duradouros na vida das pessoas, deixa de ser humor.
O poder não se mede em tanques ou mísseis: mede-se em espírito. A reflexão, com a assinatura do general Zaluzhny, tem uma conclusão tremenda: se a paz falhar, apenas aqueles que aprendem rápido sobreviverão. Nós, europeus aliados da Ucrânia, temos de nos apressar: só com um novo plano de mobilidade militar conseguiríamos responder em tempo eficaz a um cenário de uma confrontação direta com a Rússia.
Queria identificar estes textos por aquilo que, nos dias hoje, é uma mistura de radicalização à direita e muita, muita, muita ignorância que acha que tudo é "comunista"