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Advogado do candidato à presidência Venâncio Mondlane assassinado em Maputo

João Vaz de Almada, em Maputo
João Vaz de Almada, em Maputo 19 de outubro de 2024 às 10:56
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De acordo com testemunhas oculares, um carro aproximou-se da viatura de Elvino Dias e de dentro deste dois indivíduos dispararam à queima-roupa cerca de 25 tiros, tendo os ocupantes tido morte imediata.

O advogado Elvino Dias, assessor jurídico do candidato à presidência de Moçambique nas últimas eleições gerais de 9 de Outubro, Venâncio Mondlane, foi esta madrugada brutalmente assassinado quando seguia na sua viatura numa das artérias do bairro da Coop, em Maputo, capital de Moçambique. Juntamente com o causídico foi morto também Paulo Guambe, mandatário do PODEMOS, o partido que apoio a candidatura de Mondlane. Uma terceira pessoa, que havia pedido boleia e seguia no banco traseiro, ficou ferida, sendo transportada para o hospital algum tempo depois.

De acordo com testemunhas oculares, um carro aproximou-se da viatura de Elvino Dias e de dentro deste dois indivíduos dispararam à queima-roupa cerca de 25 tiros, tendo o advogado tido morte imediata, enquanto Paulo Guambe, acabou por falecer minutos depois. Em imagens que correm nas redes sociais, é possível ver o veículo crivado de balas e sangue nos bancos.

Elvino Dias, tinha sido nas últimas semanas o braço-direito de Venâncio Mondlane e o membro mais activo da sua candidatura nas redes sociais, contestando e provando que os resultados eleitorais que a Comissão Nacional de Eleições (CNE) tem tornado público são fraudulentos.

Elvino encabeçava ainda o processo de impugnação eleitoral, organizando provas que seriam levadas ao Conselho Constitucional, último decisor em matéria eleitoral, na tentativa de anular o escrutínio.

A Ordem dos Advogados de Moçambique (OAM) foi a primeira instituição a reagir ao brutal assassinato. Num comunicado divulgado esta manhã, mostra-se "em choque" e invadida por uma "imensa tristeza". "O nosso COLEGA merece a nossa total contemplação, pela sua galhardia na preservação do império da lei. Não tenhamos ilusões Colegas, este bárbaro assassinato é um atentado à profissão de advogado, à sua independência, ao Estado de Direito e à Democracia. A nossa classe deve levantar-se contra a impunidade e crime organizado que tomou conta das instituições."

Já esta manhã, vários membros da OAM, trajados com as suas togas, depositaram uma coroa de flores no local do crime.

Recorde-se que para a próxima segunda-feira, dia 21, está convocada uma greve geral pelo candidato Venâncio Mondlane em protesto contra aquilo que chamou de mega fraude eleitoral. Mondlane, que logo no dia seguinte à votação se proclamou vencedor, apelou aos moçambicanos que fiquem em casa nesse dia como sinal de protesto.

Entretanto, o ambiente pós-eleitoral é cada vez mais tenso, tendo na última quarta-feira ocorrido confrontos entre a polícia e apoiantes de Venâncio Mondlane na cidade de Nampula, no norte do país, de que resultaram vários feridos, um deles grave.

Em Maputo, a capital, não últimos dias, são cada vez mais visíveis carros antimotim da polícia de choque integrando elementos das forças de segurança fortemente armados.

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