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Bombardeamentos terão parado junto à central nuclear de Zaporizhzhia

Leonor Riso 04 de março de 2022 às 02:05

Tropas russas abriram fogo em Energodar, a cidade mais perto da central de Zaporizhzhia. Moscovo já controla a defunta central de Chernobyl.

Parte da central nuclear de Zaporizhzhia, na Ucrânia, começou a arder depois de um ataque das tropas russas. A informação foi avançada pelo presidente da câmara de Energodar, a cidade mais próxima da central nuclear que é a maior na Europa. Mais tarde, foi divulgado que o fogo surgiu fora do perímetro dos reactores nucleares.

Os níveis de radiação não se alteraram e os bombardeamentos parecem ter parado cerca das duas da manhã em Portugal continental. Só um dos reactores se encontra em funcionamento. 

"Como resultado de bombardeamento inimigo contínuo de edifícios e unidades da maior central nuclear da Europa, a central nuclear de Zaporizhzhia esta em chamas", escreveu Dmytro Orlov, considerando o sucedido uma ameaça para a segurança mundial. 

O autarca acrescentou que tinha havido um combate aceso entre as forças locais e as tropas russas e que se registam baixas, sem ter avançado números. 

REUTERS/Stringer

O presidente da câmara de Energodar já tinha revelado que uma coluna de tropas russas se estava a dirigir à central nuclear de Zaporizhzhia. As autoridades ucranianas divulgaram que a Rússia estava a empenhar esforços para tomar a central e que tinha entrado na cidade com tanques. 

"Podem ouvir-se tiros altos na cidade", escrevera o presidente da câmara Dmytro Orlov. Uma multidão de civis tentou impedir que os russos entrassem na central esta quarta-feira, com recurso a pneus, caixotes do lixo e sacos de areia. 



Esta quinta-feira, o diretor da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) pediu às tropas russas e ucranianas para não combaterem perto da central de Zaporizhzhia. A situação no local pode ser acompanhada neste vídeo em directo. 

Já Petro Kotin, o diretor da empresa de energia nuclear estatal ucraniana Energoatom, considerou a conquista de Chernobyl por parte da Rússia "terrorismo nuclear". 

A Ucrânia pediu à Agência que penalizasse a Rússia e que ajudasse a criar um perímetro de segurança de 30 quilómetros em centrais elétricas para afastar as tropas russas. A AIEA referiu que estava a preparar uma resposta, mas não fez mais comentários. 

Segundo Petro Kotin, a central de Zaporizhzhia ainda estava a trabalhar normalmente: "Não há desvio das operações normais mas o consumo durante esta guerra baixou drasticamente para apenas três unidades em vez das seis."

Recorde-se que a Rússia já adquiriu o controlo da defunta central nuclear de Chernobyl, onde se deu o pior acidente nuclear alguma vez ocorrido numa central em 1986. Fica a 100 quilómetros de Kiev e as equipas que são responsáveis pela sua manutenção não têm conseguido respeitar os turnos de trabalho desde a invasão russa. 

Uma fonte russa afirmou à Reuters, no dia 25 de fevereiro, que a Rússia queria controlar o reator nuclear de Chernobyl para avisar a NATO que não interfira militarmente. Desde a entrada dos russos na central, os níveis de radiação subiram entre cinco e quinze vezes tendo como referência o nível normal - o que é baixo -, ao mesmo tempo que os veículos armados contactaram com material radioativo que se encontra no chão há 35 anos. 

"Não há benefício económico. Só pode dar problemas à Ucrânia, à Rússia e a todos no mundo. Pedimos que deixem esta zona e a devolvam aos peritos ucranianos porque pode ocorrer uma catástrofe ecológica", avisa Petro Kotin.

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