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Israel intensifica bombardeamentos em Gaza após rejeição de proposta do Hamas

Andreia Antunes 08 de fevereiro de 2024 às 11:38

Recusa de tentativa de cessar-fogo seguiu-se a negociações com Estados Unidos, Qatar e Egito para pôr fim ao conflito que já dura há quatro meses.

Após a rejeição de uma proposta de cessar-fogo com o Hamas que previa a possibilidade de acabar com a guerra, pelo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, as forças israelitas bombardearam várias áreas na cidade fronteiriça de Rafah, onde tem abrigo mais de metade da população da Faixa de Gaza. 

REUTERS/Mohammed Salem

Aviões israelitas bombardearam algumas zonas da cidade, tendo matado pelo menos 11 pessoas. Alguns tanques também bombardearam áreas do leste de Rafah, o que intensificou os receios dos residentes de ocorrer um ataque terrestre.  

António Guterres, secretário-geral da ONU, afirmou na quarta-feira que a entrada em Rafah, na fronteira com o Egito, "aumentaria o que já é um pesadelo humanitário com consequências regionais incalculáveis".

Já Israel refere que toma medidas para evitar vítimas civis, acusando os militantes do grupo terrorista Hamas de se esconderem entre os mesmos, em abrigos escolares e hospitais, o que acaba por levar a mais baixas civis.

Negociações a decorrer

Na quarta-feira, dia 7, Benjamin Netanyahu rejeitou a última proposta do Hamas, que envolvia a libertação de reféns, a retirada das tropas israelitas de Gaza e o fim da guerra, tendo-a qualificado como uma proposta "ilusória" e prometido continuar a lutar até à aniquilação do grupo.

"Render-se às exigências ilusórias do Hamas, não só não trará a libertação dos reféns, como convidará a outro massacre", disse o primeiro-ministro. "Será um convite a um grave desastre para o Estado de Israel que nenhum dos nossos cidadãos está disposto a aceitar."

Esta recusa seguiu-se a intensas conversações diplomáticas com mediadores dos Estados Unidos, do Qatar e do Egito para pôr fim ao conflito que já dura há quatro meses e evitar que as forças israelitas entrem na cidade fronteiriça, evitando assim uma "catástrofe humanitária".

Os Estados Unidos consideram que o acordo sobre os reféns e a trégua faz parte dos planos para uma resolução mais ampla do conflito no Médio Oriente, que conduzisse a um reconciliação entre Israel e os restantes países árabes e à criação de um estado palestiniano, algo que Benjamin Netanyahu recusa.

Antony Blinken, secretário de Estado dos Estados Unidos, referiu que ainda há espaço para negociações, tendo marcado para esta quinta-feira uma reunião em Israel incluindo com familiares dos reféns sob poder do Hamas.

"Mas também vemos espaço no que foi apresentado para prosseguir as negociações, para ver se conseguimos chegar a um acordo", disse o secretário de Estado dos EUA numa conferência de imprensa na quarta-feira. "É isso que tencionamos fazer."

Uma delegação do Hamas, liderada pelo alto funcionário Khalil Al-Hayya, também já chegou ao Cairo esta quinta-feira para mais conservações sobre o cessar-fogo com o Egito e o Qatar.

Alguns funcionários israelitas afirmaram que Israel estaria disposto a permitir que o líder dos militantes, Yahya Sinwar, se exilasse em troca da libertação de todos os reféns e do fim do governo do Hamas no enclave.

Ataques intensificam

Mais recentemente, Israel tem-se concentrado na captura de Khan Younis, a principal cidade do sul de Gaza, local onde tem ocorrido os combates mais intensos da guerra.

No entanto, afirmaram que iriam expandir a sua ofensiva para Rafah, onde cerca de metade dos 2,3 milhões de habitantes do enclave estão cercados contra a fronteira com o Egito, por ser uma "trincheira das unidades de combate do Hamas".

Israel iniciou a sua ofensiva militar após os militantes do Hamas de Gaza terem matado cerca de 1200 pessoas e feito 253 reféns, a 7 de outubro. O Ministério da Saúde de Gaza afirma que pelo menos 27.585 palestinianos foram confirmados como mortos e teme que outros milhares estão soterrados pelos escombros.

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