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União Europeia aprova resposta de 25% a produtos dos EUA

Ana Bela Ferreira , Lusa 09 de abril de 2025 às 14:21
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Resposta é anunciada no dia da entrada em vigor das tarifas americanas. Tarifas europeias entram em vigor na segunda-feira, 14 de abril.

A União Europeia (UE) aprovou hoje, por maioria, a aplicação de tarifas de 25% a produtos norte-americanos, em resposta às tarifas aplicadas pelos Estados Unidos da América (EUA) ao aço e alumínio europeus.A informação foi confirmada à Lusa por fontes europeias.

REUTERS/Yves Herman

Segundo o jornal espanhol El Mundo, estas tarifas entram em vigor na segunda-feira, 14 de abril e vão incidir sobre 22 mil milhões de euros de produtos americanos.

Apenas um país - a Hungria - votou contra esta decisão da UE, indicaram fontes diplomáticas ao mesmo diário espanhol. O próprio ministro dos Negócios Estrangeiros húngaro, Peter Szijjarto, escreveu no X que o voto contra resulta da convicção de que as taxas "não são a resposta" e "prejudicarão" mais a economia europeia.

O pacote de tarifas será aplicado em três fases: abril, maio e dezembro. Em causa estão vários produtos desde ovo a papel higiénico, passando pelo aço e alumínio, os têxteis ou videojogos.

Em comunicado, a Comissão Europeia disse que a proposta de impor tarifas aos EUA "obteve o apoio necessário dos Estados-membros" e que a decisão é apenas "uma resposta à decisão de março por parte dos Estados Unidos da América de impor tarifas às importações de aço e alumínio" europeus.

"A Comissão Europeia considera as tarifas injustificadas e prejudiciais, com consequências nefastas para os dois lados, assim como para a economia global", reiterou o executivo comunitário.

No comunicado divulgado pouco depois de ser conhecida a decisão, Bruxelas insiste na "preferência clara por uma solução negociada com os EUA, que seja equilibrada e com benefícios mútuos". E deixou um alerta a Washington: "Estas contramedidas podem ser suspensas em qualquer momento, se houver um acordo com os EUA para uma solução justa e negociada."

A lista na íntegra de produtos ainda não foi divulgada pelo executivo de Ursula von der Leyen.

De acordo com a Comissão Europeia, as tarifas de 25% aplicadas às exportações dos EUA terão um valor de mais de 22 mil milhões de euros, de acordo com as importações feitas em 2024 para os países do bloco comunitário. Mas no total o valor poderá ascender aos 26 mil milhões de euros, equiparando as consequências das tarifas que Washington aplicou aos 27 países do bloco comunitário.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou na segunda-feira que a UE quer negociar tarifas zero com os EUA para bens industriais, mas a Casa Branca, especificamente o presidente norte-americano, Donald Trump, ainda não se pronunciou sobre o assunto.

A Comissão Europeia não exclui nada e, em simultâneo, também não deixa de fora qualquer cenário de apoio, mas vai reger-se pela cautela por enquanto, para avaliar as consequências possíveis destas tarifas, enquanto continua a negociar com Washington para tentar demover a administração do republicano Trump.

A decisão da Casa Branca de aplicar as tarifas ao bloco comunitário também acelerou a agenda da Comissão Europeia de procurar outros parceiros e de reforçar a esfera do comércio global para o bloco político-económico do qual Portugal faz parte.

A Comissão Europeia quer a União a olhar para os restantes 87% do comércio mundial. Por isso, Ursula von der Leyen reuniu-se na segunda-feira com o primeiro-ministro norueguês, Jonas Gahr Støre, e na terça-feira com o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, para pedir uma resposta tarifária sensata à China.

A perspetiva de uma guerra comercial entre Washington e Pequim também está a preocupar o executivo comunitário, por causa das ramificações que esta contenda poderia ter no bloco comunitário e nas oportunidades para expandir o comércio a outros países e blocos.

Fontes europeias sustentaram, por exemplo, que um acordo com os países do Mercosul está a ser visto com menos ceticismo depois da decisão de Washington, ainda que alguns países continuem reticentes a este acordo. França e Irlanda estão entre os países que há alguns meses se opunham diametralmente ao acordo com o Mercosul.

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