Sábado – Pense por si

Portugueses diminuem as poupanças

Sónia Bento
Sónia Bento 23 de maio de 2023 às 07:00
As mais lidas

O contexto económico instável e o aumento das despesas está a fazer com que os portugueses reduzam a taxa de poupança para o valor mais baixo dos últimos cinco anos.

As intenções de poupança dos europeus baixaram, em média, 3 pontos face ao ano anterior (16,7%), de acordo com o Barómetro Europeu do Consumo do Observador Cetelem. Pressionados por um contexto vulnerável e incerto, os consumidores europeus veem-se obrigados a poupar menos em 2023. A maioria dos países antevê a diminuição das respetivas taxas de poupança este ano, com exceção da Suécia que prevê que se mantenham.

Sábado

Em Portugal, país que apresenta tradicionalmente uma baixa cultura de poupança e cuja taxa de poupança tem estado ao longo dos anos abaixo dos 10% – com exceção de 2021, quando se registou 11,9% devido ao contexto pandémico – a que se prevê agora é de apenas 6% em 2023. O valor está bastante abaixo da média europeia (13,4%). Mais baixo, só na Polónia (3,9%) e Eslováquia (4,3%). Países como a Alemanha, Suécia e França preveem taxas de poupança de 19,6%, 18,1% e 16,7% respetivamente.

Intenção de consumir menos

A expetativa de uma menor poupança na generalidade dos países contrasta com o aumento obrigatório das despesas, sentido em 11 países, por vezes, em proporções impressionantes. Em Portugal, os consumidores antecipam um aumento dos gastos anuais em 13 pontos comparativamente a 2022 (49% vs. 36%). Na Suécia e na Eslováquia as previsões também são bem mais altas comparativamente ao ano passado.

Esta dualidade – previsão de menos poupança e mais despesas – não quer dizer que os consumidores prevejam consumir mais. Os resultados evidenciam um consumo limitado, em que as despesas se estão a concentrar mais no que é indispensável para a vida quotidiana. Ainda assim, o desejo de consumir mantém-se praticamente inalterado, baixando apenas 1 ponto em relação ao ano passado, com 52% dos europeus a expressar a intenção de consumir (face a 53% no ano passado). Já um em quatro diz não ter nem o desejo nem os meios para gastar, um resultado que aumentou em 3 pontos face a 2022. Eletrodomésticos, mobiliário, decoração e renovação de interiores, bem como a compra de TV/Hi-Fi e equipamento são as categorias de consumo mais afetadas e aquelas em que as intenções de compra mais diminuem.

Artigos Relacionados