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O grande conluio nos supermercados

Bruno Faria Lopes
Bruno Faria Lopes 11 de abril de 2022 às 08:00

Um megaprocesso da Concorrência revela como grandes fornecedores e cadeias de retalho se concertaram durante anos para fazerem preços iguais – e mais altos.

A 24 de março de 2011, um gestor de vendas da Sociedade Central de Cervejas – dona da Sagres e das águas do Luso – enviou um email para um responsável da cadeia de supermercados Auchan. “Viva! Agora que a Sonae e Pingo Doce alinharam os preços peço-vos que façam o mesmo nas vossas lojas”, escreveu. Em anexo enviou uma tabela com os novos preços recomendados para as cervejas, mais altos, e que os supermercados concorrentes passariam a praticar. Cinco anos antes, a 19 de maio, outro gestor da Auchan enviou um email sobre o mesmo tema, preços, mas em resposta a um funcionário de outro grande fornecedor, a Sogrape, que tem marcas como a Mateus Rosé e a Porto Ferreira. O tom era duro: “Foi a última vez que o Jumbo da Maia cumpriu um alinhamento de PVP [preços de venda ao público], a partir de hoje só depois de a Sonae e Pingo Doce alinharem.”

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"O afundamento deles não começou no Canal; começou quando deixaram as suas casas. Talvez até tenha começado no dia em que se lhes meteu na cabeça a ideia de que tudo seria melhor noutro lugar, quando começaram a querer supermercados e abonos de família".