Depois da Comissão Europeia ter aberto um processo de sanções por défice excessivo a Portugal, é a vez do Fundo Monetário Internacional atingir a credibilidade das contas portuguesas ao considerar que Portugal é um dos países europeus que ameaça a estabilidade financeira da União Europeia. Na actualização do World Economic Book divulgada esta terça-feira, o FMI disse que "o legado de problemas por resolver no sistema bancário europeu, em particular nos bancos italianos e portugueses", é um dos riscos que a economia mundial enfrenta em 2017.
"A turbulência prolongada nos mercados financeiros e o aumento global da aversão ao risco podem ter repercussões macroeconómicas severas, incluindo através da intensificação dos problemas nos bancos, em particular nas economias vulneráveis", alertou o organismo.
Os problemas bancários não foram os únicos apontados pelo FMI para justificar a revisão em baixa das projecções de crescimento.
A instituição liderada por Christine Lagarde espera que o PIB mundial cresça 3,1% este ano e 3,4% no próximo (um corte de 0,1 pontos percentuais em ambos os casos) muito devido à saída do Reino Unido da União Europeia. No relatório, a instituição financeira defendeu que "o resultado do referendo no Reino Unido, que surpreendeu os mercados financeiros globais, implica a materialização de um risco descendente importante para a economia mundial". Deste modo, o FMI recomendou às autoridades britânicas e europeias que façam "uma transição suave e previsível" optando por um quadro de cooperação comercial que "preserve tanto quanto possível os ganhos comerciais entre o Reino Unido e a União Europeia".
O organismo mundial apontou ainda riscos de origem não económica e colocou especial enfoque nas "divisões políticas" sentidas nas economias desenvolvidas e que podem "prejudicar os esforços para enfrentar desafios estruturais que persistem e o problema dos refugiados". "A mudança para medidas proteccionistas é uma ameaça", alertou o FMI.
Igualmente no plano não económico, o Fundo explicou que "as tensões geopolíticas, os conflitos armados e o terrorismo" estão a penalizar várias economias, principalmente no Médio Oriente. Além disso, a seca em África ou problemas de saúde como o vírus Zika também colocam em causa a estabilidade financeira mundial.
Necessidade de reformas estruturais
Deste modo, apesar do desempenho melhor do que o esperado no início de 2016, as perspectivas económicas degradaram-se. Segundo o FMI, tal também aconteceu devido ao "aumento considerável da incerteza, incluindo na frente política". O organismo alertou ainda que esta incerteza pode penalizar a confiança e o investimento.
A instituição liderada por Christine Lagarde cortou as projecções de crescimento do conjunto das economias desenvolvidas para os 1,8% em 2016 e em 2017 (menos 0,1 e 0,2 pontos, respectivamente). Já a previsão para as economias emergentes manteve-se inalterada, continuando o Fundo a prever uma aceleração de 4,1% (2016) e 4,6% (2017).
Dentro das economias desenvolvidas, a maior revisão em baixa foi feita ao Reino Unido, consequência natural do Brexit: o FMI antecipou um crescimento de 1,7% para este ano (menos 0,2) e uma queda para os 1,3% em 2007 (menos 0,9).
Para a zona euro, foi traçado um cenário duplo. Deste modo, as previsões foram revistas ligeiramente em alta para 2016, tendo em conta os resultados positivos do início do ano, mas está prevista uma queda para 2017. O FMI prevê que os países do euro cresçam 1,6% este ano (mais 0,1 pontos percentuais) e 1,4% em 2017 (- 0,2).
Segundo o FMI, a baixa inflação e o fraco crescimento continuam a penalizar o crescimento na maioria das economias desenvolvidas. Como tal, o Fundo apela a que não só haja um maior apoio à procura interna, como também sejam feitas reformas estruturais para "revitalizar o crescimento de médio prazo" das referidas economias.
Para poder adicionar esta notícia deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da SÁBADO, efectue o seu registo gratuito.
José Carlos B. Matos20.07.2016
Pedro Figalhosa20.07.2016
Paulo Maciel Gomes19.07.2016
Pat Carvalho19.07.2016
Segurança Social já apoiou mais de dois milhões de pessoas
Ex-tripulantes da Ryanair avançam para tribunal para recuperar 100 mil euros por pessoa
Saúde e desemprego maiores riscos a curto prazo
EDP: Acionistas elegem hoje Stilwell de Andrade novo presidente executivo até 2023
Marketing Automation certified by E-GOI
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados. É expressamente proibida a reprodução na totalidade ou em parte, em qualquer tipo de suporte, sem prévia permissão por escrito da Cofina Media S.A.
Consulte a Política de Privacidade Cofina.