"Nós não queremos concorrer em preço, nós queremos concorrer em oferecer o que se chama 'value for money'", diz o presidente executivo da Vodafone.
O presidente executivo (CEO) da Vodafone Portugal afirmou hoje que a entrada da Digi no mercado português não está a ter um impacto de fuga de clientes dramática, sublinhando que a operadora não quer concorrer em preço.
CEO da Vodafone Portugal minimiza impacto da Digi no mercado, focando na qualidade em vez do preçoEPA
"Não posso dizer que o impacto que o novo entrante esteja a ter na Vodafone seja um impacto de fuga de clientes dramática", disse Luís Lopes, num encontro com jornalistas na sede da operadora no Parque das Nações, em Lisboa, a propósito da celebração dos 33 anos da empresa.
"Nós não queremos concorrer em preço, nós queremos concorrer em oferecer o que se chama 'value for money'", prosseguiu.
Admitiu que há um segmento do consumidor português que só quer preço, mas "a maior parte dos portugueses e das empresas querem 'value for money', querem ter qualidade a um bom preço, é uma coisa diferente", salientou.
"Estou convencido, que essa é a principal razão quando um entrante entra no mercado e pratica preços, em alguns casos, 80% mais baratos do que são praticados pelo operador, aquilo que se esperaria, se as pessoas só quiserem preço, é: 'isto deve ser uma sangria completa de clientes'", referiu, mas tal não aconteceu.
A Vodafone "tem hoje o número de clientes que tinha quando a Digi entrou", acrescentou.
"Obviamente que perdemos clientes para a Digi e obviamente também ganhámos alguns clientes neste espaço de tempo", sublinhou Luís Lopes, reiterando que a marca e a essência da empresa Vodafone "não concorrem em preço", mas "em qualidade e em oferecer o melhor preço para a qualidade que presta".
A Vodafone "é maior nos países onde a Vodafone opera diretamente, na Europa os maiores países que nós temos onde operamos diretamente é a Alemanha, a Inglaterra, a Turquia, e a seguir é Portugal", referiu ainda o CEO.
Durante o encontro, Luís Lopes fez um balanço dos 33 anos da Vodafone em Portugal (no início era Telecel), destacando os pontos altos e baixos.
"Houve um momento muito importante quando a Telecel passou a Vodafone, apesar de que a Vodafone já era um dos grandes acionistas, mas depois passou a ter 100% do capital" e saiu de bolsa, recordou.
Outro momento importante, destacou, foi quando a Vodafone decidiu investir em fibra em Portugal: "Não é uma decisão nada fácil, especialmente quando a raiz da Vodafone era ser um operador móvel".
Na altura em que a decisão foi tomada "até éramos o maior operador móvel mundial, global, com uma presença significativa em muitíssimos países" e isso "exigiu, de facto, convencer o acionista Vodafone por parte da gestão portuguesa de que havia um futuro para investir na fibra", relatou.
Exigiu "um trabalho muito grande porque é Portugal e eu diria que se fosse no contexto atual, eu acho que dificilmente teríamos tido essa oportunidade", considerou.
Este foi "um marco muito importante porque transformou a Vodafone, um operador móvel, num operador integrado de telecomunicações", sublinhou.
Depois há marcos como passar a meta de um milhão de clientes em fibra, "porque mostra esse processo de transformação significativo que levámos a cabo" ou lançar o 4G em Portugal, em que "foi o primeiro operador".
Agora, "obviamente que não posso dizer que na área móvel" tenha corrido tudo bem "nos últimos 5 anos, especialmente depois do atraso do lançamento do 5G".
Apesar disso, atingimos um marco "que consideramos bastante relevante em 2025, que foi de termos presença de 5G em todos os concelhos de Portugal e em 99% da população".
Quanto aos pontos mais baixos, elencou o ciberataque que a Vodafone foi alvo e, mais recentemente, o apagão.
"O ciberataque é ao mesmo tempo um ponto baixo e um ponto alto", disse.
Questionado sobre se já sabe o que aconteceu, Luís Lopes disse que sim, mas que o assunto "ainda está em matéria de segredo de Justiça", pelo que não pode adiantar informação.
"Mas sim, sabemos quem foi, como foi", acrescentou, referindo que foi "um ator externo".
A cibersegurança é um aspeto "fundamental que levávamos a sério e levamos ainda mais a sério" e "obviamente não vai voltar a acontecer uma coisa parecida", asseverou.
"Dito isto, é sempre possível que exista outra coisa qualquer, mas pronto, foi um momento alto também, porque naquele momento tão baixo, a empresa conseguiu dar uma resposta que eu considero extraordinária, porque conseguiu repor coisas que pareciam quase impossíveis de repor e trouxe o melhor das pessoas que trabalhavam para a Vodafone, no sentido da urgência de termos os clientes, e alguns clientes que nós temos são clientes que nós consideramos críticos para o funcionamento do país", argumentou.
Quanto aos custos decorrentes do ciberataque, a Vodafone Portugal não divulga números, mas adianta que são na ordem de "milhões de euros".
O CEO referiu que existiam "fraquezas internas que foram corrigidas" e que muitas dessas existem em quase todas as empresas em Portugal e não só.
"E também não fomos a única empresa que essa organização (...) tenha atacado", rematou.
Depois aconteceu o apagão em abril último: apesar dos serviços da Vodafone terem estado a funcionar, na rede fixa esteve sempre a funcionar nas empresas onde havia geradores, o mesmo não aconteceu na móvel, referiu.
"A parte que deixou de funcionar ao longo do dia, de maneira sequencial, foi a rede móvel, à medida que as baterias se iam esgotando, a rede móvel ia caindo", recordou o CEO.
A rede móvel "caiu mais rápido do que eu desejaria" e "em alguns sítios caiu demasiadamente rápido" e, portanto, "aquilo que fizemos no dia a seguir, e isso é a parte importante, eu nem esperei por nenhum relatório da Anacom ou de obrigações regulatórias, autorizámos um investimento bastante significativo, de bastantes milhões de euros, de reforço da resiliência energética da rede Vodafone", contou.
"Considero que na nossa missão é absolutamente crítico dar esse conforto aos nossos clientes, sejam eles consumidores, sejam eles empresas", prosseguiu, adiantando que o investimento arrancou logo na semana a seguir ao apagão, de "vários milhões de euros".
"Pusemos geradores em largas dezenas de locais, pusemos baterias, algumas de oito horas", apontou.
A Vodafone tem 5.500 locais e "não é possível fazer resiliência energética de tantas horas, especialmente em alguns sítios em que, por exemplo, servem pouquíssimos clientes e que simplesmente é economicamente inviável".
No decurso do apagão, "houve sites na Vodafone que caíram em 15 minutos". Ao fim "de duas horas tinham caído 40% a 45% dos sites da Vodafone", disse.
"Nós queremos ser a rede com maior resiliência", rematou.
Entrada da Digi sem impacto de fuga de clientes dramática na Vodafone Portugal
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