Comissão Europeia considera que a recuperação económica continua a estar pressionada por "um alto endividamento público e privado e por uma rigidez no mercado de trabalho"
A Comissão Europeia insiste que Portugal arrisca ter um desvio orçamental significativo este ano, reiterando que o Governo teria de adoptar pelo menos mais 700 milhões de euros em medidas de austeridade para cumprir o ajustamento estrutural exigido de 0,6%.
"As projeções para 2016 apontam para o risco de um desvio significativo face ao ajustamento estrutural exigido de 0,6% do Produto Interno Bruto (PIB)", afirma a Comissão Europeia no relatório final da terceira missão pós-programa de ajustamento, divulgado hoje.
A Comissão estima que as medidas previstas no Orçamento do Estado para 2016 (OE2016) prevêem um ajustamento estrutural entre 0,1% e 0,2% do PIB, entre cerca de 200 e 370 milhões de euros, abaixo do "ajustamento estrutural de 0,6% do PIB exigido", de cerca de 1.100 milhões de euros, que tinha já sido recomendado por Bruxelas.
Assim, no relatório, a Comissão Europeia insiste que o Governo liderado por António Costa precisa de adoptar pelo menos mais 700 milhões de euros em novas medidas de contenção orçamental (0,4% do PIB), tendo em conta a estimativa mais recente da Comissão Europeia para o PIB nominal deste ano, que é de 184.400 milhões de euros (uma melhoria de 1,6% face a 2015, abaixo dos 1,8% previstos pelo Governo).
O alerta não é novo: Bruxelas já tinha dito, no dia da entrega da proposta de OE2016 na Assembleia da República, que o ajustamento estrutural planeado pelo Governo português ficaria entre 0,1% e 0,2% do PIB, abaixo dos 0,6% recomendados.
Esta segunda-feira, a Comissão insiste que existem "riscos de implementação" em algumas das medidas adicionais já adoptadas pelo Governo no OE2016, e que, por isso, "permanece um risco de desvio significativo do esforço recomendado".
No relatório, Bruxelas lembra que o Eurogrupo elogiou, a 11 de Fevereiro, "o compromisso do Governo português para preparar, a partir desse momento, medidas adicionais para serem implementadas quando necessário para garantir que o OE2016 cumpra as regras do Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC)", ou seja, de obter um défice orçamental abaixo dos 3% do PIB.
"A conformidade de Portugal com o PEC vai ser analisada com base nos dados orçamentais de 2015 divulgados pelo Eurostat [ainda esta semana], o Programa de Estabilidade [que o Governo tem de remeter a Bruxelas até ao final do mês] e as previsões de primavera da Comissão", refere.
No documento, a Comissão Europeia reitera ainda a crítica ao aumento do Salário Mínimo Nacional (SMN) de 505 euros para 530 euros em Janeiro, "num contexto de baixa inflação e de alto desemprego, o que pressiona a estrutura geral de salários com o risco de afectar as perspectivas de emprego e de competitividade".
Bruxelas considera que a recuperação económica continua a estar pressionada por "um alto endividamento público e privado e por uma rigidez no mercado de trabalho", apontando que "a absorção de uma larga quantidade de desempregados jovens e de longa duração continua a ser um desafio".
A Comissão insiste ainda na crítica às alterações na privatização da TAP: "A recuperação do controlo de 50% da companhia de aviação pode aumentar os riscos orçamentais, incluindo um risco de litígio", alerta Bruxelas, defendendo que a reversão das privatizações e das concessões de transportes "devem incluir planos concretos e credíveis para mitigar potenciais impactos negativos".
Bruxelas quer 700 milhões de euros em medidas de austeridade
Para poder adicionar esta notícia aos seus favoritos deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
Não é possível afirmar-se defensor da família enquanto orgulhosamente se promovem medidas que visam a separação de maridos das suas mulheres e de pais e mães dos seus filhos.