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BCE recusa novos poderes de presidente da CGD

Banco Central Europeu impôs condições que "foram aceites" pelo Governo. António Domingues não pode acumular os cargos de presidente do conselho de administração e presidente executivo

O Banco Central Europeu autorizou os nomes dos administradores executivos da Caixa Geral de Depósitos que foram aceites pelo Governo, mas impede Domingues Azevedo de acumular a presidência da administração com o cargo de presidente-executivo, escreve hoje o Público.

O regulador atestou a "idoneidade de António Domingues e dos outros administradores executivos (Emídio Pinheiro, João Tudela Martins, Pedro Leitão, Tiago Marques, Henrique Cabral Menezes e Paulo Silva" na sexta-feira à tarde diz o Público na edição de hoje citando fontes próximas do processo.

O jornal adianta ainda que o Banco Central Europeu (BCE) impôs condições que "foram aceites" pelo Governo.

"António Domingues não pode acumular os cargos de presidente do conselho de administração ('chairman') e de presidente executivo (CEO) e o número de administradores tem de cair para 11, em vez dos 19 propostos", escreve ainda o jornal.

A decisão do BCE vai implicar que a estratégia proposta para a CGD, com um modelo de controlo interno feitos por administradores não executivos, "tenha de ficar pelo caminho", mantendo-se tudo como está actualmente.

A nova equipa de António Domingues tomará posse a 24 de agosto, uma semana antes do fim do prazo acordado com a actual administração, pelo que o Governo vê os sete nomes propostos para a gestão da CGD "serem acolhidos", mas vê também o BCE recusar uma mudança no modelo de 'governação' do banco público.

Segundo o diário Público, o BCE impôs que "o modelo de escrutínio e vigilância do poder executivo se mantivesse quase nos mesmos moldes que actualmente (...)", em que há a separação entre o presidente e o presidente executivo.

"Esta divisão tem de ser estabelecida no prazo de seis meses", escreve o Público.

Com esta imposição do BCE, António Domingues, que era vice-presidente do BPI, não vai poder ser simultaneamente presidente e presidente-executivo do banco público e a administração não vai poder ser formada 19 administradores (sete executivos e 12 não executivos), sendo que seriam estes últimos a fazer o controlo da gestão executiva.

Atendendo à recusa do BCE, ter-se-á de encontrar um novo nome, diz o Público, lembrando que "a decisão ainda não foi tomada" e que António Domingues "deverá ficar como presidente-executivo" e o Governo deverá "encontrar um novo presidente ('chairman')".

Com a imposição por parte do BCE, "em vez de 12 propostos (e dois deles, Leonor Beleza e Rui Vilar como vice-presidentes sem funções executivas), a CGD só poderá ter mais quatro membros não executivos e os três membros do conselho fiscal, que têm lugar no conselho de administração por inerência".

"Estes serão nomes que ainda estão a ser ultimados a tempo da tomada de posse da administração. Isto porque foram noticiados 12 nomes, que tinham sido confirmados pelo Governo e alguns terão agora de ser 'descongelados'", salienta o Público.

A CGD teve prejuízos de 205,2 milhões de euros no primeiro semestre, o que compara com o lucro de 47,1 milhões de euros tido no mesmo período do ano passado.

A gestão executiva da CGD está actualmente a ser assegurada por quatro gestores, depois de Nuno Tomaz e Maria João Carioca terem renunciado ao mandato.