Secções
Entrar

Patrões não querem ouvir falar de Plano B para já

20 de janeiro de 2017 às 20:33

Confederações patronais esperam "cumprimento integral do acordo" de Concertação Social. "Não vamos abrir novamente esse dossier", disseram depois de reunirem com Marcelo Rebelo de Sousa

O Parlamento pode vir a chumbar a redução da Taxa Social Única, mas as confederações patronais garantiram, esta sexta-feira, que não avaliam "nenhuma alternativa" à medida até que a negociação na Assembleia da República esteja "esgotada". "Não falámos em nenhuma alternativa nem com o Governo nem com o senhor Presidente da República sobre esta matéria. As alternativas que tínhamos a negociar, negociámos durante quatro meses para chegar à assinatura do acordo no dia 22 [de Dezembro]. Não vamos abrir novamente essedossier enquanto esta fase da negociação, agora na Assembleia da República, não estiver esgotada", afirmou o presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), João Machado.

João Machado falava em nome das quatro confederações patronais - CAP, a Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), a Confederação Empresarial de Portugal (CIP) e a Confederação do Turismo Português (CTP) - que esta tarde foram recebidas pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, em Belém.

O presidente da CAP vincou que as confederações patronais não equacionam a existência de um "plano B" e insistiu no cumprimento integral do acordo assinado entre o Governo, as confederações patronais e a UGT, em Dezembro último.

"Não avaliamos essa hipótese neste momento e defendemos junto do senhor Presidente da República o cumprimento integral do acordo tal como ele está assinado e é para isso que estamos empenhados desde que o assinámos. Para nós não há 'plano B', o 'plano A' é o cumprimento do acordo tal como ele está assinado", insistiu João Machado.

O responsável referiu que as confederações patronais aguardam com "grande serenidade aquilo que se vai passar na Assembleia da República durante a próxima semana" e mostrou-se convicto que o parlamento "terá o discernimento de perceber a importância de um acordo de Concertação Social em Portugal".

Os partidos "considerarão a importância do acordo tal como o Presidente da República o tem salientado e irão possibilitar que ele seja cumprido da maneira como foi assinado", acrescentou.

"O conteúdo do acordo é fundamental para nós. Tem várias partes, todas elas são importantes e deve ser integralmente cumprido pelo Governo que assinou este acordo connosco, visto que a parte que nos cabe, o pagamento dos 557 euros [correspondente à actualização do salário mínimo nacional] será feito já a partir do final do mês de Janeiro", insistiu o presidente da CAP.

A redução da TSU dos empregadores em 1,25 pontos percentuais pode ser travada pela Assembleia da República em 25 de Janeiro, quando serão debatidas as apreciações parlamentares de BE e do PCP para evitar a sua entrada em vigor, em Fevereiro.

O PSD também já anunciou que vai votar ao lado do PCP e do BE. Esta redução da TSU foi aprovada em sede de Concertação Social entre o Governo e os parceiros sociais - à excepção da CGTP -, a par do aumento do Salário Mínimo Nacional de 530 para 557 euros, que já está em vigor desde 1 de Janeiro.

No final do ano passado, quando se discutia a proposta do Governo de um novo aumento do salário mínimo, contestado pelas confederações patronais, o Presidente da República incentivou um acordo com os parceiros sociais, defendendo que os governos não devem "decidir unilateralmente" sobre matérias estratégicas que podem ser objecto de acordo.

Governo e parceiros sociais acabaram por chegar a acordo, em 22 de Dezembro, mas logo nesse dia, em debate quinzenal no parlamento, o Partido Ecologista "Os Verdes" (PEV) contestou a descida da TSU, e no dia seguinte PCP e Bloco de Esquerda juntaram-se a essa contestação.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela