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Lisboa é a cidade da UE onde as pessoas aplicam uma maior percentagem do salário na habitação

Lusa 22 de outubro de 2025 às 16:56

Cidadãos em Lisboa destinam 116% do salário para habitação, revelou um relatório.

Lisboa, Barcelona e Madrid são as cidades da União Europeia (UE) onde os habitantes destinam uma maior percentagem do salário para pagar a habitação, de acordo com um relatório divulgado esta quarta-feira pelo Conselho Europeu.
Garantia pública apoiou 13,2 mil contratos de habitação para jovens até julho João Cortesão/Medialivre
O relatório divulgado esta quarta-feira pela equipa liderada pelo ex-primeiro-ministro português, António Costa, recolheu informações a partir do Deutsche Bank e revelou que os cidadãos em Lisboa destinam 116% do salário para habitação. A situação apontada pelo Deutsche Bank tem em conta valores para apartamentos no centro das principais cidades europeias e salários médios. Em Barcelona e Madrid o rácio para a habitação é de 74%. As três cidades ultrapassam cidades com níveis de vida considerados superiores, como Viena (37%) o Luxemburgo e Frankfurt (34%) ou Helsínquia (35%). O relatório do Conselho Europeu, intitulado “Um teto, muitas realidades: a complexa crise da habitação na Europa”, aponta que este flagelo é um “problema estrutural” na União Europeia, tal como referiu hoje o presidente da instituição europeia, António Costa, depois de uma reunião para discutir esta questão e preparar o debate da reunião de líderes de quinta-feira. Ainda que a crise na habitação tenha “características locais e variações entre regiões”, é um problema transversal à UE e a média aumentou 58,33% entre 2015 e o primeiro trimestre de 2025. A Hungria é o país que lidera este crescimento (237%), seguida por Portugal e a Lituânia (147%), de acordo com a informação disponibilizada pelo Gabinete de Estatística da UE (Eurostat). Hoje, António Costa alertou que é necessário resolver o problema da habitação transversal à UE, sob pena de “diminuir a confiança nas instituições” democráticas e de a competitividade sofrer as consequências deste flagelo. Apesar do “panorama geopolítico desafiante”, António Costa considerou que é “essencial também pensar nas preocupações diárias dos cidadãos” da UE. Em conferência de imprensa conjunta com os presidentes do Comité Europeu das Regiões e do Conselho Económico e Social Europeu, em Bruxelas (Bélgica), António Costa acrescentou que deixar por resolver este problema vai levar a “consequências negativas”, afetando a competitividade e a confiança nas instituições. Por isso, o problema no acesso à habitação, pela subida dos preços para arrendar ou comprar acima das capacidades das famílias, vai ser pela primeira vez discutido em reunião do Conselho Europeu, na quinta-feira. E para “causas diversas”, o presidente do Conselho Europeu prometeu “soluções diversas”. Ainda que a habitação seja uma competência de cada país do bloco comunitário europeu, António Costa considerou que é possível resolver o problema com uma abordagem ao nível da UE, apontando para o plano que a Comissão Europeia está a desenvolver. “Apesar de ser uma questão de jurisdição nacional, é crucial que, como líderes europeus, consigamos discutir como é que podemos complementar esforços”, sustentou. Questionado sobre que papel em concreto é que a União Europeia, como bloco comunitário, pode intervir, António Costa disse que a “primeira contribuição vai ser dar mais margem de manobra para que autoridades nacionais” possam resolver este problema olhando para as realidades concretas, recorrendo, por exemplo, a fundos europeus. Se houver países a querer investir no “arrendamento de curta duração é preciso dar-lhes ferramentas para facilitar isso”, defendeu.
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