Dois meses depois de ter partido o tornozelo esquerdo num acidente a surfar, Frederico Morais vai voltar ao mar. "Foi a lesão mais complicada que tive, rompi os ligamentos todos, tive de meter uma placa com oito parafusos, mas está tudo a correr bem e vão voltar a ver-me em breve na água, se calhar já esta semana", disse à SÁBADO.
"A caminho do hospital para a minha primeira cirurgia... aconteceu há dois dias a surfar! Fratura com luxação do tornozelo (articulação tibiotársica)", escreveu o surfista português no Instagram a 12 de dezembro de 2024. Frederico Morais tinha partido o tornozelo esquerdo dois dias antes e a lesão poderia afetar-lhe a época de 2025.
Bruno Colaço
Felizmente para ele, o caso está a evoluir bem, conforme frisou à SÁBADO na passada terça-feira, dia 18. "Falei com o médico na última sexta-feira [dia 14] e ele está muito feliz com a recuperação. O meu pai tem sido o meu fisioterapeuta, ou seja, tenho sorte. Está tudo a andar bem e já tenho luz verde para treinar no ginásio e meter força no pé, para começar a surfar devagarinho, a começar a sentir o pé, a sentir onde é que me dói, e com calma voltar à boa forma".
Frederico Morais, de 33 anos, que falou à SÁBADO na Universidade Nova em Carcavelos, após a apresentação do seu filme Performance 24, com imagens dele a surfar em locais tão díspares como Brasil, Marrocos, Madeira ou Ericeira, deixa mesmo uma novidade: "Vão ver-me em breve na água, se calhar ainda esta semana - mas vou começar por apanhar umas ondas bem pequeninas, só mesmo para sentir".
Esta foi "a lesão mais complicada" que já teve na carreira, admite. "Já tinha rompido o ligamento do meu pé esquerdo, mas desta vez rompi os ligamentos todos, que tiveram de ser recuperados cirurgicamente e ainda me meteram uma placa com oito parafusos no tornozelo", adiantou Kikas, como é conhecido entre os amigos.
Estar há mais de dois meses sem surfar "tem sido um tormento", refere. "Não é algo que se deseje a alguém, ainda por cima estamos a ter um inverno ótimo, com boas ondas", continua, frisando, a brincar, que já bloqueou "toda a gente no Instagram", para não ficar ainda mais deprimido.
Frederico Morais reconhece que, apesar do azar, até teve "um bocadinho de sorte". "Claro que bom era não me ter lesionado, mas dentro do mal que aconteceu até tive sorte, porque se havia um período em que me podia lesionar, era este". Ou seja, diz, vai poder voltar a 100% para o circuito de qualificação. "Os Challengers começam em junho, vai-me dar tempo para recuperar completamente. Mais uns meses e acredito que vou entrar bem no circuito de requalificação, porque eu quero voltar ao World Tour [circuito mundial]. É esse o sonho e o meu objetivo para este ano, e apesar da lesão continua tudo intacto".
Ainda na passada terça-feira, Frederico Morais, que estivera na Praia do Norte a assistir ao Nazaré Big Challenge, prova de ondas gigantes da WSL, adiantou aos jornalistas que estava praticamente recuperado e pronto para a prova de Supertubos, em Peniche, da Liga Mundial de Surf, caso seja chamado – uma prova que irá decorrer entre 15 e 25 de março.
"Sem dúvida que é uma meta. Acho que, indo ou não, é sempre bom, pelo menos funciono muito assim, meter metas na cabeça para, pelo menos, ter algum objetivo concreto para trabalhar e dar alento, neste caso, em momentos mais chatos, como são estes, de recuperação".
Frederico Morais contou com vários amigos, nomeadamente surfistas, na apresentação do filme, mas também com os pais e com o tio, Tomaz Morais, antigo selecionador de râguebi. Aliás, Frederico começou logo por dizer que, em miúdo, não tinha "muita escolha" para não ser desportista, contando que ia com o pai para o ginásio às 5h ou 5h30 da manhã, antes de seguir para a escola.
Tomás Appleton, atual capitão da seleção de râguebi, e António Félix da Costa, piloto que atualmente compete na Fórmula E, integrando a equipa da Porsche, também marcaram presença, falando das suas experiências desportivas. Já no final, Félix da Costa revelou à SÁBADO que também gosta de surfar, embora se considere "um surfista de banheira". "Não sou nada de especial, mas adoro".
"Sendo de Cascais, é normal haver uma ligação forte ao mar. Comecei no bodyboard, porque era muito mais fácil para começar, pois o surf requer mais tempo e paciência. Mas depois, quando aquilo dá o clic fica um vício enorme. Hoje em dia, também por causa do Frederico, faço uma viagem todos os anos às Maldivas só para fazer surf. Nem pisamos terra, estamos num barco sete dias, é só comer, dormir e surfar", conta o piloto.
Sobre a sua ligação a Frederico Morais, revela que o conhece desde os 10 anos. "Crescemos juntos aqui em Cascais, conhecíamo-nos, mas tínhamos amigos diferentes. E depois o desporto aproximou-nos".
António Félix da Costa conta mesmo um episódio curioso: "Quando o Frederico surfa aqui no Mundial, em Peniche, eu nem lhe ligo. Ele está ali focado, já tem ali os amigos e a família. Mas já aconteceu mais do que uma vez ir ver uma etapa dele do Mundial. Uma vez, eu estava em competição no Canadá, acabei a prova e em vez de voltar a casa, meti-me num avião e fui ter com ele a Los Angeles".
O piloto conta que acompanhou tudo ao pormenor nos EUA. "Aquilo para mim foi um choque, é totalmente diferente. Eu, nos meus horários, é tudo minuto a minuto num dia de prova. Com o Frederico é: 'Não sei se vai haver ou não', 'temos de ver'. É uma mentalidade completamente diferente, embora o objetivo seja o mesmo. E adorei estar ali presente e acompanhá-lo de perto numa etapa do circuito mundial, porque eu gosto de ver tudo ao detalhe, não é só vê-lo a surfar, mas sim como é que ele se prepara, como é que ele visualiza aquilo tudo".
Frederico Morais já esteve mais do que uma vez no circuito mundial de surf. Começou a surfar aos 6 anos, e aos 10 iniciou as suas primeiras viagens para fora de Portugal para conhecer diferentes ondas, sendo que aos 14 já treinava com um treinador internacional. Foi quatro vezes campeão nacional e, em 2013, entrou como wildcard na etapa mundial de Peniche, onde protagonizou um dos momentos mais marcantes da sua carreira ao derrotar Kelly Slater.
Em 2016 conquistou a qualificação para a elite do surf mundial, onde estão os melhores 32 surfistas, sendo distinguido com o prémio Rookie of the Year. Em 2021 qualificou-se para os Jogos Olímpicos na estreia do surf como modalidade olímpica, mas teve o azar de não poder competir por ter apanhado Covid-19.
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